As eleições do PT no Rio de Janeiro, que acontecem em julho, revelam uma clara divisão interna que espelha o cenário nacional do partido. Tal como na disputa pela presidência nacional, onde cinco candidatos estão na corrida, o cenário fluminense opõe dois grupos distintos: de um lado, o vice-presidente nacional do PT e atual prefeito de Maricá, Washington Quaquá; do outro, o deputado federal Lindbergh Farias.
Os dois grupos em disputa
O racha no PT local envolve os diretórios estadual e municipal. Quaquá, que já lançou sua chapa em um evento no Circo Voador, anunciou seu nome para a presidência nacional do partido, e indicou seu filho, Diego Zeidan, para liderar o diretório estadual, enquanto Alberes Lima foi nomeado para o diretório municipal. Essa movimentação representa a estratégia de Quaquá em manter influência nas três esferas do partido.
Em contrapartida, um grupo de oposição está articular a candidatura do deputado federal Reimont para a presidência do diretório estadual, que será formalmente apresentada neste sábado. Este grupo inclui figuras significativas do PT fluminense, como Benedita da Silva, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) André Ceciliano e a vereadora Tainá de Paula, todos apoiados pelo ex-ministro José Dirceu. Na disputa pela presidência nacional do PT, este grupo apoia o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, enquanto Quaquá também busca apoio dentro de sua corrente, a Construindo um Novo Brasil (CNB), onde a disputa interna se torna mais acirrada entre Reimont e Zeidan.
A divisão interna do partido
Entre os dois grupos, a candidatura de Reimont surge como uma resposta ao que seus apoiadores qualificam como “pragmatismo excessivo” do grupo de Quaquá. Um marco significativo desse desgaste foi a defesa pública do prefeito de Maricá em relação a indivíduos investigados por vínculos com o assassinato da vereadora Marielle Franco. Esse episódio provocou uma grande repercussão dentro do partido, especialmente entre aqueles que defendem os direitos humanos e as pautas sociais.
— Nossa candidatura nasce do zero, para reconstruir um PT que dialogue com as periferias, com o interior do estado e que não fique a reboque de interesses de ocasião — afirmou Reimont ao GLOBO. — Quaquá pode vencer na pragmática, pois tem uma prefeitura e militantes que lhe devem cargos ou favores, mas perde no campo ideológico.
Futuro do diretório municipal
Na disputa pelo diretório municipal, o grupo de oposição ainda está em busca de um nome unificado, mas Leonel de Esquerda e Fátima Lima têm se destacado entre os filiados. O objetivo principal dessa ala é impedir a vitória de Alberes Lima, que está alinhado ao grupo de Quaquá.
Com o cenário político em constante transformação, a disputa interna do PT no Rio de Janeiro é um reflexo das tensões e divisões que permeiam a política nacional. À medida que as eleições se aproximam, os holofotes estarão voltados para estas movimentações e as consequências que elas poderão ter para a trajetória do partido no estado e no país.