O ex-presidente Michel Temer declarou que o também ex-presidente Jair Bolsonaro poderia ser incluído em uma possível articulação para a eleição de 2026, envolvendo governadores de oposição, caso haja concordância entre os envolvidos. A declaração de Temer surgiu após sua sugestão de união para 2026, sem citar o nome de Bolsonaro, o que gerou críticas de figuras ligadas ao bolsonarismo.
A proposta de Temer
Em declaração ao jornal O GLOBO, Temer comentou sobre a conversa que teve com alguns governadores, dizendo: “Olha, o Brasil precisa de projeto. Como vocês são governadores, poderiam chamar uma reunião para ter um projeto comum em nome do Brasil. Depois vocês decidem quem vai ser candidato ou não”. A intenção do ex-presidente é focar na criação de um projeto eficaz, ao invés de priorizar a figura de candidatos específicos.
Temer ainda mencionou que a ideia de uma aliança foi discutida com os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Eduardo Leite (PSD-RS), Ratinho Júnior (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO) e Romeu Zema (Novo-MG). Segundo ele, o foco primordial deve ser no desenvolvimento de um programa conjunto que represente uma alternativa sólida no cenário político brasileiro.
Críticas à falta de menção a Bolsonaro
No último domingo, durante uma entrevista ao programa Canal Livre, da Band, Temer já havia abordado a potencial aliança entre governadores, visando fortalecer-se contra uma candidatura de reeleição do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Contudo, a ausência de menção a Jair Bolsonaro gerou críticas, promovendo uma reação intensa por parte de membros do seu partido e aliados.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) expressou sua perplexidade, afirmando: “Não entendo como alguém experiente como o ex-presidente Temer imagina um projeto eleitoral de direita sem o Bolsonaro”. Esta declaração reflete a preocupação e a tensão entre as diferentes facções dentro do espectro político de direita.
Temer fala sobre projetos, não sobre pessoas
Em resposta aos questionamentos sobre a possibilidade de uma divisão ou embates envolvendo Bolsonaro, Temer enfatizou que “não há nome e nem contranome”, ressaltando que “o povo quer um projeto, um programa”. Segundo o ex-presidente, a população está cansada de disputas pessoais e ansiosa por uma proposta efetiva que possa ser apresentada nas próximas eleições.
Além disso, Temer declarou que não teve conversa direta com Bolsonaro sobre o assunto. Ele se posicionou de forma clara ao dizer que sua relação com os governadores é apenas uma oferta de conselhos e que a necessidade de um programa é prioridade na agenda política atual.
O caminho para uma nova proposta
Temer explicou que a ideia é desenvolver um programa que sirva como uma espécie de “Ponte para o Futuro 2”, em referência a um conjunto de medidas que promoviam a redução do papel do Estado na economia, adotadas durante sua própria administração. Ele acredita que a elaboração desse programa deve ser um esforço conjunto entre os governadores que compõem essa articulação.
“Eu acabei de falar com eles (governadores) e eles vão se reunir para saber. Cada um tem suas individualidades. É uma espécie de Ponte para o Futuro 2. O meu governo deu certo porque eu tinha um programa, que era o Ponte para o Futuro”, destacou Temer.
A articulação proposta por Temer evidencia a busca por uma coalizão capaz de apresentar uma alternativa crível às próximas eleições. Resta saber se a inclusão de Bolsonaro será bem recebida e se a união entre os governadores será suficiente para viabilizar uma candidatura forte nas eleições de 2026.
O ex-presidente deixou claro que a prioridade deve ser o desenvolvimento de soluções e não apenas a personalização nas eleições, uma abordagem que pode resonar com o eleitorado que clama por mudanças. Com as tensões no cenário político se intensificando, a estratégia de Temer pode ser um importante fator a ser observado nas movimentações que precedem o pleito presidencial.