As ações da Nu Holdings, amplamente conhecido como Nubank, um dos maiores bancos digitais do mundo, sofreram uma queda significativa após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025. Apesar de um aumento considerável na receita e lucro líquido, os números ficaram abaixo das expectativas do mercado, gerando preocupações entre os investidores e resultando em uma desvalorização das ações da empresa.
Crescimento da receita e lucro
No primeiro trimestre, o Nubank reportou uma receita de US$ 3,2 bilhões, refletindo um crescimento de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Entretanto, essa quantia não atendeu às expectativas, que projetavam uma receita de US$ 3,1 bilhões. Por outro lado, o lucro líquido do banco foi de US$ 557,2 milhões, um avanço de 74% em relação ao primeiro trimestre de 2024, superando as expectativas devido ao crescimento nos depósitos e na carteira de crédito.
Na operação brasileira, o lucro foi ainda mais robusto, alcançando US$ 560 milhões. A adição de 4,3 milhões de novos clientes no trimestre trouxe o número total a 118,6 milhões, abrangendo as operações no Brasil, México e Colômbia. Esse crescimento surge em um contexto de alta competitividade entre as instituições financeiras no Brasil, onde o Nubank continua a se destacar.
Desafios com os resultados financeiros
Embora os lucros tenham mostrado um avanço impressionante, o Nubank também enfrentou desafios. O lucro bruto ficou abaixo das projeções, em parte devido ao aumento nas provisões para perdas com crédito e o incremento das despesas com juros. Após a divulgação dos resultados, as ações do Nubank, que acumulavam uma alta de 27% no ano, caíram mais de 6% nas negociações pós-fechamento do mercado, evidenciando a frustração dos investidores.
Expansão da base de clientes
David Vélez, fundador e CEO do Nubank, afirmou que o crescimento da base de clientes é um indicativo de um bom engajamento: “Temos 98,7 milhões de usuários ativos mensais e uma taxa de atividade superior a 83%”. Além disso, ele destacou que cerca de 30% dos adultos no Brasil já consideram o Nubank como seu banco principal. Essa expansão é um indicativo do sucesso da estratégia do banco em conquistar e fidelizar clientes em um mercado saturado.
Potencial para crescimento futuro
O Diretor Financeiro, Guilherme Lago, comentou sobre a performance do banco, enfatizando como a empresa adquiriu mais clientes nos últimos quatro trimestres do que todos os cinco bancos tradicionais juntos. Contribuindo para essa expansão, o Nubank informou um crescimento significativo nos empréstimos não garantidos no Brasil, mantendo a taxa de inadimplência sob controle.
A carteira total de crédito cresceu para US$ 24,1 bilhões, enquanto os depósitos atingiram US$ 31,6 bilhões, com uma parte significativa vinda do México, onde o banco registrou 11 milhões de clientes no trimestre. A competitividade do Nubank se dá não apenas pelo atendimento ao cliente, mas também através de ofertas como taxas de juros mais altas para atrair e manter sua clientela.
Oportunidades no mercado de empréstimos pessoais
Lago observou que, no cenário atual, existe uma oportunidade de crescimento significativa nos empréstimos pessoais, pois o Nubank já detém uma quota robusta no mercado de cartões de crédito. Ele indicou que “pescar apenas no nosso aquário” permitirá que a instituição amplie sua carteira de empréstimos pessoais em até dez vezes, sublinhando que esse crescimento não se deve apenas à eficiência dos modelos operacionais da empresa, mas também à sua capacidade de expandir em um segmento com menor penetração.
Além disso, o índice de inadimplência entre 15 e 90 dias viu um leve aumento de 0,6 ponto percentual, atingindo 4,7%. Esse número permanece ligeiramente abaixo do aumento sazonal histórico, indicando que o Nubank tem sido eficaz em manter a inadimplência sob controle, mesmo em um cenário econômico desafiador.
Em resumo, os resultados do Nubank no primeiro trimestre destacam um equilíbrio delicado entre crescimento e desafios, evidenciando como o banco digital continua a inovar e se adaptar no competitivo cenário financeiro da América Latina.