A recente trégua na intensa guerra comercial entre os Estados Unidos e a China promete trazer uma nova perspectiva para a economia brasileira. Com projeções que indicam um possível aumento nas exportações em até US$ 4 bilhões até 2026, a análise do Itaú Unibanco destacou como as mudanças nas tarifas afetarão o comércio global.
A guerra comercial e suas consequências
A guerra comercial entre EUA e China intensificou-se com a imposição de tarifas altas sobre produtos importados. No entanto, após a decisão de ambos os países de retomar as negociações, surgem novas oportunidades para o Brasil. Os analistas do Itaú Unibanco consideraram a hipótese de tarifas adicionais de 30% sobre produtos chineses vendidos para os EUA e de 10% sobre produtos americanos vendidos para a China, uma configuração que beneficiaria de forma significativa o Brasil, especialmente no setor exportador voltado ao mercado norte-americano.
Setores beneficiados com a trégua
Com a imposição de tarifas de 10% pela China sobre produtos importados dos Estados Unidos, setores como o da soja, que pode ganhar até US$ 490 milhões, e o petróleo bruto, com um acréscimo estimado de US$ 160 milhões, se destacam. Esses produtos representam 51,6% e 17,2% do total das exportações adicionais previstas. Outros setores que também podem se beneficiar incluem algodão, aeronaves, caulim, tabaco, celulose e uma variedade de itens como minério de ferro e milho.
Oportunidades no mercado americano
No cenário de tarifas mais rígidas, há uma oportunidade significativa para o Brasil avançar no mercado americano. O Itaú estima que esse redirecionamento das exportações pode gerar até US$ 2,95 bilhões adicionais ao Brasil. Os principais produtos que devem ganhar espaço no mercado dos EUA incluem móveis, pedras para construção, calçados de couro e madeira compensada, entre outros.
Impacto de tarifas altamente restritivas
A análise do Itaú também revelou que, caso o tarifário ultrapassasse 60%, o Brasil poderia se beneficiar ainda mais, com exportações adicionais atingindo até US$ 15,8 bilhões. Esse cenário, que representaria um embargo virtual, demonstraria que 75% dos ganhos viriam das vendas para a China, destacando a importância do país asiático como parceiro comercial estratégico.
Perspectivas para o futuro das exportações brasileiras
Embora os ganhos projetados sejam promissores, o estudo do Itaú ressalta que as perdas que o Brasil pode ter com tarifas impostas pelos EUA sobre seus produtos seriam superadas pelos ganhos com o redirecionamento do comércio. Assim, mesmo diante de um cenário de incertezas, o efeito líquido sobre a economia brasileira seria positivo.
Os desafios da diversificação
Enquanto o Brasil se prepara para aproveitar as oportunidades, os especialistas também alertam que diversificar a pauta de exportações é fundamental. A necessidade de ampliar o leque de produtos e mercados é uma mensagem clara que se destaca nas análises, indicando que depender exclusivamente das exportações para a China e Estados Unidos pode não ser suficiente para garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
Considerações finais
A análise do Itaú Unibanco destaca que tarifas mútuas acima de 50% podem interromper o fluxo comercial entre os dois gigantes, resultando em um cenário onde países como México, Canadá, Alemanha e economias do Sudeste Asiático se tornam importantes substitutos para as trocas comerciais afetadas. O Brasil deve estar atento a essas mudanças e trabalhar para fortalecer suas exportações em um ambiente internacional cada vez mais dinâmico.
Com a possibilidade de ampliar suas exportações em quase US$ 4 bilhões, o Brasil se posiciona para um futuro econômico mais promissor, dependendo de uma estratégia sólida e diversificada que aproveite as oportunidades no comércio global.