Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na terça-feira, 13 de maio, a alta da taxa básica de juros foi um dos principais tópicos abordados. A análise do comitê indica que as elevações promovidas nos últimos meses para conter a inflação já estão gerando efeitos perceptíveis e continuarão a influenciar o crescimento econômico.
Impacto no mercado de trabalho
Durante a reunião, o Banco Central destacou que o aumento da taxa Selic tem provocado uma inflexão no mercado de trabalho. Em março deste ano, foram criadas 71,6 mil vagas formais de emprego, uma queda significativa de 71% em comparação ao mesmo período do ano passado. O BC fez questão de ressaltar que a desaceleração do mercado de trabalho é uma parte essencial da política monetária restritiva, que tem como objetivo principal a moderação da inflação.
Desaceleração econômica e metas de inflação
O Banco Central tem deixado claro que a desaceleração da economia é uma estratégia necessária para conter a inflação. A ata da reunião do Copom revelou que a instituição acredita que um crescimento mais lento da economia é fundamental para atingir a meta de inflação. Recentemente, a taxa Selic foi elevada para 14,75% ao ano, alcançando seu maior nível em quase 20 anos.
Nesta reunião, diferentemente das anteriores, o Banco Central não indicou que haverá novos aumentos na taxa Selic. Em vez disso, a instituição sinalizou que estará atenta às condições econômicas e que a “calibragem” do ritmo de aumento dos juros será guiada pela necessidade de trazer a inflação de volta a seus níveis almejados.
Expectativas do mercado financeiro
Uma nova pesquisa divulgada pelo próprio Banco Central revelou que os analistas deixaram de acreditar na possibilidade de novos aumentos da Selic neste ano. As expectativas agora apontam para a manutenção da taxa em 14,75% ao ano até o final de 2025. Com essa perspectiva, os economistas também projetam um crescimento mais modesto para a economia brasileira, estimando uma expansão de apenas 2% em 2025, em comparação com 3,4% no ano anterior.
Como funciona a política monetária do BC
A taxa básica de juros, Selic, é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para conter as pressões inflacionárias, que afetam especialmente a população de menor renda. A política monetária do BC é estruturada em um sistema de metas: quando as projeções de inflação estão dentro do esperado, a instituição pode optar por baixar os juros; se as projeções se elevam, a tendência é aumentar ou manter a Selic.
Desde 2025, com o lançamento do sistema de metas contínuas, o BC definiu que a meta de inflação de 3% será considerada cumprida se a inflação se mantiver entre 1,5% e 4,5%. Importante ressaltar que o BC toma decisões com base em projeções futuras, em vez de variações passadas. O impacto das mudanças na Selic geralmente ocorre entre seis e 18 meses, por isso a instituição já está mirando na meta para o segundo semestre de 2026.
Projeções futuras da inflação
As análises mais recentes do mercado indicam que a inflação oficial deve estar em 5,51% este ano, superando o teto fixado. As projeções para os anos seguintes incluem 4,5% em 2026, 4% em 2027 e 3,80% em 2028. Esse cenário sugere que a meta do Banco Central de 3% ainda estará distante, o que pode levar a um novo descumprimento da meta de inflação, já que o índice está acima do teto de 4,5% há seis meses consecutivos.
Em suma, o Banco Central se encontra em um momento delicado, tentando equilibrar o controle da inflação com a necessidade de estimular o crescimento econômico. A situação dos juros altos e sua relação com o mercado de trabalho e a inflação é uma questão que continuará a ser monitorada de perto nos próximos meses, com previsões que podem se ajustar conforme novos dados se tornam disponíveis.
Para mais detalhes, confira a matéria completa [neste link](https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/05/13/bc-diz-que-juro-alto-ja-contribui-para-desaceleracao-da-atividade-e-que-impacto-na-geracao-de-empregos-deve-se-aprofundar.ghtml).