Um acordo inédito entre os Estados Unidos e a China promete suspender temporariamente a maior parte das supertarifas impostas entre os dois países, gerando expectativas de um alívio nas tensões comerciais. No entanto, especialistas que acompanham a situação avaliam que essa trégua pode não ser suficiente para resolver a crise que se instalou nas relações comerciais globais. A questão que permeia o debate é: quem piscou primeiro nesta negociação?
O desenrolar do conflito comercial
Segundo uma reportagem do Financial Times, o encontro que resultou nesse acordo ocorreu em um ambiente reservado durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), onde Scott Bessent, secretário do Tesouro dos Estados Unidos, se reuniu secretamente com o ministro das Finanças da China, Lan Fo’an. Ambos expressaram preocupação com a gravidade da situação, onde o comércio bilateral enfrentava um colapso iminente.
As taxas de tarifa elevadas, implementadas durante a administração de Donald Trump, foram concebidas como uma estratégia para impactar a China. No entanto, esse movimento acabou refletindo negativamente na economia americana. Economistas já haviam avisado que as cadeias globais de produção estão tão entrelaçadas que não podem ser rompidas facilmente, o que ficou claro durante o recente recuo das autoridades em Washington.
Acordo foi uma resposta à gravidade da crise
A negociação que culminou no acordo foi acelerada, demonstrando a urgência de ambos os lados em encontrar uma solução. Ao olhar para o cenário econômico, as previsões de um crescimento desacelerado nos EUA se tornaram realidade, destacando a pressão sobre as autoridades para uma resolução. Uma fonte chinesa afirmou que os Estados Unidos “amarelaram”, refletindo a percepção de que o impasse estava prejudicando as economias de ambos os países.
Esse “cessar-fogo” nas tarifas é visto como uma espécie de rendição mútua, onde ambos os lados reconheceram a necessidade de trabalhar juntos para evitar maiores danos a suas economias. Segundo uma autoridade brasileira anônima, houve uma maior conscientização nos EUA sobre as limitações do seu poder comercial frente a uma potência emergente como a China, especialmente após um mês de vigência das supertarifas, que gerou prejuízos internos consideráveis.
Impactos no Brasil e no mercado global
A guerra tarifária provocou uma série de efeitos dominó no mercado global. As bolsas de valores sentiram o impacto, o dólar apresentou uma volatilidade acentuada, e os processos de importação e exportação foram drasticamente afetados. No Brasil, as autoridades observam com cautela o desenrolar dessa situação, preocupadas com as repercussões que um prolongamento da crise pode gerar. Especialistas afirmam que a medida de alívio oferecida pelo acordo ainda é insuficiente, pois os impactos da guerra tarifária continuam a ser sentidos.
Um membro do governo brasileiro que analisou documentos relacionados ao acordo apontou a falta de clareza sobre as novas tarifas. A Casa Branca indicou uma redução de 115 pontos percentuais nas tarifas, enquanto mensagens conjuntas entre os países insinuam uma diminuição para 10% em alguns setores. Essa confusão levanta preocupações sobre o futuro do comércio bilateral e a possibilidade de uma nova escalada de tensões.
Desafios futuros
Apesar do acordo, o cenário ainda é incerto. Scott Bessent alertou que tarifas de 40% poderiam inviabilizar uma parte significativa do comércio entre as nações, o que reforça a necessidade de um acordo mais claro e sustentável a longo prazo. A situação atual é uma tentativa de corrigir um problema que foi criado por uma escalada anterior de tarifas e rusgas políticas.
Conforme as conversações continuam, o Brasil e outras nações que acompanham de perto esses desenvolvimentos devem se preparar para novos desdobramentos, pois o impacto da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo ressoa em toda a economia global.
Por ora, os mercados respiram um pouco aliviados com a recente suspensão das supertarifas, mas a sombra da incerteza e da crise comercial ainda paira no ar, indicando que a luta por um comércio justo e equilibrado está longe de terminar.