A sinalização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para indicar Wagner dos Santos, conhecido como Waguinho, para a gestão da estatal Porto do Rio (PortosRio) está gerando intensas desconfianças e questionamentos sobre o futuro da gestão dessa importante empresa pública. A escolha de Waguinho, ex-prefeito de Belford Roxo (RJ), é especialmente controversa devido a sua ligação com várias investigações por supostos crimes, o que pode impactar negativamente a credibilidade e a responsabilidade da administração pública.
Histórico questionável de Waguinho
Desde março deste ano, Waguinho se tornou alvo de investigações da Polícia Federal (PF), que apura sua suposta participação em um esquema de corrupção relacionado a contratos para compra de livros didáticos. As alegações são graves, envolvendo desvios significativos de dinheiro público. Além disso, em janeiro de 2023, a Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCRJ) deflagrou uma operação para investigar desvios de R$ 15 milhões em recursos previdenciários, parte do qual teria ocorrido durante a sua gestão como prefeito.
Fontes políticas próximas ao governo Lula relatam que a nomeação de Waguinho causou desconforto entre figuras influentes da política carioca. O ex-prefeito é visto como um aliado próximo do ex-deputado federal Eduardo Cunha, um dos principais protagonistas do processo de impeachment que levou ao afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff. Essa conexão levanta questões sobre se a nomeação é uma tentativa de fortalecer vínculos com figuras controversas ou se é uma escolha que realmente considera a gestão eficaz da PortosRio.
Investigação da Operação Errata
Na Operação Errata, deflagrada pela PF, Waguinho foi implicado após buscas realizadas em vários endereços, onde foram encontrados indícios de participação em esquemas ilícitos. Uma parte significativa dos R$ 100 milhões em contratos para a aquisição de livros didáticos foi assinada durante sua administração em Belford Roxo.
Waguinho é casado com a deputada federal Daniela do Waguinho, ex-ministra do Turismo durante o governo Lula. Ele ocupou a prefeitura de Belford Roxo de 2017 a 2024, e sua administração vem sendo monitorada de perto por órgãos de investigação devido às irregularidades financeiras associadas a sua gestão.
Desvios de R$ 15 milhões da previdência
A investigação da PCRJ revelou que uma quantia expressiva de R$ 14.931.079,00 foi transferida de forma irregular a 539 beneficiários sem vínculo legítimo com o Instituto de Previdência dos Servidores Públicos de Belford Roxo (Previde). As ex-diretoras do instituto, nomeadas por Waguinho, foram apontadas como principais suspeitas de realizar movimentações fraudulentas.
“As medidas cautelares aplicadas visam a recuperação do patrimônio público e a coleta de evidências que possam auxiliar na responsabilização de todos os envolvidos”, informou a polícia na época, destacando a seriedade das alegações contra Waguinho e seu grupo de apoio.
Com a possibilidade de Waguinho assumir a gestão da PortosRio, tanto a condução da empresa quanto a reputação do governo Lula estão agora em jogo. As preocupações sobre a eficácia e a integridade da administração são palpáveis, com muitos políticos e cidadãos questionando a adequação de alguém com um histórico tão problemático para um cargo de tamanha importância.
A reportagem do Metrópoles tentou entrar em contato com a assessoria de Waguinho para obter um comentário sobre sua possível nomeação e as controvérsias associadas, mas até o momento não obteve resposta. A situação permanece incerta e em evolução, à medida que o público aguarda uma definição da presidência sobre esse assunto delicado.
Este tema, que envolve questões éticas, corrupção e a administração pública, certamente continuará a ser debatido nas esferas política e social, refletindo a busca da sociedade por um governo mais responsável e transparente.
