A situação nos Correios do Brasil gerou grande apreensão entre os trabalhadores. Nesta segunda-feira (12/5), a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (FENTECT) publicou uma carta pedindo explicações ao Governo Federal, após a empresa anunciar a suspensão de férias e do trabalho remoto, entre outras iniciativas, em resposta a um prejuízo de R$ 2,6 bilhões no ano anterior.
Cenário de crise nos Correios
Os Correios estão passando por um momento crítico, tendo fechado o último ano com um déficit considerável. De acordo com uma circular acessada pelo Metrópoles, a estatal busca implementar um plano de redução de despesas, enquanto também estuda maneiras de aumentar suas receitas e diversificar seus negócios. As novas medidas, no entanto, surpreenderam os sindicalistas, que anunciaram que tomarão providências jurídicas imediatas para reverter as decisões que suspendem as férias e o trabalho remoto dos trabalhadores.
A mobilização começará com a criação do Comitê em Defesa dos Correios, previsto para ser lançado no dia 21/05. Este comitê contará com representantes sindicais de todo o Brasil, e seu principal objetivo será mobilizar membros do Congresso Nacional e solicitar uma audiência com o presidente Lula, para que ele seja informado sobre a realidade enfrentada pelos trabalhadores e colabore com a recuperação da empresa.
Além de pedir uma reavaliação das ações do governo, o sindicato ressaltou a urgência de um plano de investimentos em infraestrutura e serviços, o que é fundamental para que os Correios possam competir com empresas privadas na área de entregas. No final da carta, a FENTECT deixou um recado claro ao governo Lula:
“Não aceitaremos retrocessos ou retirada de direitos. Elegemos este governo com a esperança de reconstruir tudo o que foi desmontado nos últimos anos e seguiremos firmes na luta para que isso se concretize.”
Medidas implementadas para a recuperação
As medidas anunciadas pelos Correios incluem uma série de mudanças no funcionamento da empresa, inciais em relação a férias e ao trabalho remoto, com algumas ações já em vigor:
Principais ações adotadas
- Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV) até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade;
- Incentivo à redução da jornada de trabalho, com a alteração da carga para 6 horas diárias e 34 horas semanais, ajustando proporcionalmente a remuneração;
- Transferência voluntária e temporária de agentes correios para atuar em centros de tratamento, com pagamento do adicional de atividade mais vantajoso;
- Suspensão temporária de férias a partir de 1º de junho de 2025, com retorno do usufruto apenas em janeiro de 2026;
- Revisão na estrutura do Correios-Sede, com uma redução de pelo menos 20% do orçamento de funções;
- Convocação para retorno ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, com exceção de quem possui proteção judicial;
- Novos formatos de planos de saúde, com a economia estimada em 30%, em diálogo com as representações sindicais.
Essas mudanças visam a recuperação da empresa, mas também colocam em risco direitos adquiridos pelos trabalhadores, gerando revolta e descontentamento entre os empregados. A FENTECT parece disposta a mobilizar e lutar em defesa da categoria, buscando uma resposta do governo.
O futuro dos Correios e a luta por direitos
Com as recentes decisões, a situação nos Correios se torna cada vez mais delicada. A atuação da FENTECT e a mobilização dos trabalhadores será essencial para garantir que não haja perda de direitos no contexto da reestruturação da empresa. Os próximos dias serão cruciais para entender como as medidas serão implementadas e quais esforços o governo fará para apoiar a recuperação dos Correios.
Os desafios são muitos, mas a esperança de uma solução que respeite os direitos dos trabalhadores e mantenha a qualidade dos serviços prestados à população permanece. A luta dos sindicalistas pode ser um passo importante para reverter esse cenário de crise.