No cenário das relações comerciais internacionais, um novo capítulo parece estar se desenrolando entre duas das maiores economias do mundo, Estados Unidos e China. O anúncio de um acordo, feito após intensas negociações em Genebra, traz à tona expectativas promissoras, especialmente para o Brasil. A secretária de Comércio Exterior, Maria Prazeres, destacou que um dos principais benefícios do entendimento é o potencial de evitar o desvio de comércio, onde produtos chineses, que não poderiam entrar nos EUA, poderiam acabar sendo direcionados ao Brasil. Essa mudança pode representar uma nova esperança para setores industriais brasileiros que temem a concorrência desleal.
O impacto do entendimento entre EUA e China
Em sua fala à imprensa, Prazeres enfatizou que o entendimento entre os dois países é um desdobramento positivo não só para a economia global, mas especialmente para o Brasil. “Do ponto de vista do Brasil, em particular, o entendimento entre os dois mitiga o risco de desvio de comércio do Brasil”, afirmou. Essa afirmação se baseia na expectativa de que a redução das tarifas comerciais propostas representa um alívio significativo para as empresas brasileiras, que estavam preocupadas com a possibilidade de produtos chineses invadirem o mercado nacional, especialmente nas áreas de calçados e confecções.
Até a próxima quarta-feira, as alíquotas impostas pelos EUA sobre produtos chineses serão temporariamente reduzidas de 145% para 30%. Em contrapartida, a China diminuirá suas tarifas sobre as importações americanas de 125% para 10%. Esse tipo de intercâmbio tarifário, segundo a secretária, deverá resultar em um ambiente comercial menos tenso, favorecendo as economias emergentes, como o Brasil.
Preocupações com as tarifas e oportunidades de mercado
Porém, nem tudo é completamente otimista. Embora o novo acordo tenha potencial para controlar o fluxo de produtos chineses, ainda existem preocupações sobre a possibilidade de a China priorizar suas relações comerciais com os EUA em detrimento dos produtos brasileiros. A secretária destacou que “os ganhos associados a um entendimento entre China e Estados Unidos é um arrefecimento dessas tensões comerciais”, o que pode, em última análise, ser mais benéfico para o Brasil.
Além disso, ela reiterou que é essencial que não haja prejuízos para o Brasil em decorrência de acordos que sejam firmados entre as partes. O comércio de aço e alumínio, por exemplo, já está sob a pressão de uma tarifa de 25% imposta pelos EUA, e os outros produtos enfrentam uma sobretaxa de 10%. “Estamos atentos e trabalhando para assegurar que as exportações brasileiras não sejam prejudicadas”, afirmou ela.
O futuro do comércio brasileiro sob a nova perspectiva
A negociação entre os EUA e China ocorre em um contexto em que as exportações brasileiras, principalmente de soja, poderiam ser afetadas. A possibilidade de um aumento das vendas de soja brasileira para a China pode ser frustrada, já que os produtos agrícolas americanos deixariam de ser taxados com tarifas altas pelo governo chinês. Apesar desses riscos pontuais, a secretária acredita que os danos associados a tarifas e desvio de comércio superam as possíveis oportunidades que poderiam surgir.
Prazeres concluiu ressaltando que: “Em casos pontuais, isso poderia gerar oportunidades para o Brasil, mas essas oportunidades não compensariam os riscos e os danos à economia global, ao comércio internacional e à posição do Brasil no cenário internacional.” A vigilância contínua e a adaptação às novas dinâmicas comerciais serão cruciais para garantir que o Brasil se beneficie dessa nova fase nas relações comerciais globais.
O que se espera agora é que o Brasil consiga navegar esses novos desafios e aproveite as oportunidades que podem surgir dessa trégua comercial entre EUA e China, sempre em busca de proteger seus interesses e fortalecer sua economia.