Os Correios, empresa estatal brasileira, divulgaram um plano estratégico nesta segunda-feira (12) com o objetivo de superar um deficit histórico de R$ 2,6 bilhões registrado em 2024. Este déficit é quatro vezes maior que o valor de R$ 597 milhões registrados no ano anterior. Após anos de solidez financeira, esta é a primeira vez desde 2016 que a empresa atinge um prejuízo bilionário em suas contas.
Medidas propostas para recuperação financeira
Para enfrentar a crise, os Correios esperam economizar R$ 1,5 bilhão em 2025 por meio de diversas medidas, incluindo a redução das jornadas de trabalho. Segundo comunicados, a jornada passará de 44 horas semanais para 34 horas, com a proposta de reduzir proporcionalmente os salários dos funcionários. A estatal conta com o apoio de seus cerca de 86 mil empregados para a implementacão dessas medidas.
O plano também inclui:
- Revisão da estrutura de custos da sede, com uma redução de pelo menos 20% no orçamento para funções comissionadas;
- Suspensão temporária de férias, que retornarão a ser usufruídas a partir de janeiro de 2026;
- Prorrogação para adesão ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV);
- Retorno ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025;
- Estabelecimento de um marketplace próprio ainda em 2025;
- Captação de R$ 3,8 bilhões com o New Development Bank para investimentos internos.
Justificativas para o prejuízo
Os Correios justificaram o prejuízo enfrentado em 2024 como resultado da queda nas receitas com encomendas internacionais e um aumento significativo de despesas operacionais, que subiram de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. O número de gastos com pessoal foi o que mais impactou o orçamento, saltando de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões.
A justificativa inclui um Acordo Coletivo de Trabalho assinado com mais de 80 mil empregados, além do reajuste de benefícios como o vale alimentação e refeição, que teve um custo adicional de R$ 41 milhões. Em um momento de contenção de despesas, os Correios enfatizam a importância do apoio de seus colaboradores para que o plano tenha sucesso.
Impacto nas operações e no fluxo de caixa
A escassez de liquidez também é uma preocupação crescente. As Demonstrações Financeiras revelaram que a empresa utilizou R$ 2,9 bilhões de suas reservas financeiras, reduzindo drasticamente a quantia disponível para operações. Atualmente, restam apenas R$ 249 milhões, o que compromete a capacidade de pagamento a transportadoras e outros fornecedores, afetando diretamente o serviço de entrega.
Além disso, apenas 15% das unidades de atendimento dos Correios estão registrando lucros, enquanto 85% operam com déficit, o que faz com que a empresa reforce seu compromisso com a universalização dos serviços postais, mesmo em regiões menos rentáveis.
Investimentos para um futuro sustentável
Apesar do cenário desafiador, os Correios mantêm a estratégia de investir em modernização e sustentabilidade. Em 2024, a empresa alocou R$ 830 milhões em novos ativos, o que inclui a aquisição de veículos elétricos e bicicletas para transporte de encomendas. O objetivo é promover uma transição ecológica nos próximos cinco anos, alinhando-se às demandas sociais e ambientais contemporâneas.
A empresa reafirma seu compromisso com soluções tecnológicas e a busca por um futuro mais sustentável, mesmo enquanto gerencia as dificuldades financeiras atuais. “Esperamos evoluir ainda mais em nossos propósitos de caráter social e ambiental”, concluiu em nota prevista.
A crise enfrentada pelos Correios é um reflexo da situação desafiadora que muitas estatais brasileiras têm enfrentado e prevê mudanças significativas na dinâmica de trabalho e operações da empresa nos próximos anos. Com um plano de contingência em andamento, a esperança é que a instituição possa retornar à lucratividade em um futuro próximo.