Brasil, 12 de maio de 2025
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Acerto entre EUA e China traz volatilidade nos mercados financeiros

Após o recente acordo entre EUA e China, mercados reagem com incertezas apesar da euforia inicial.

Um novo entendimento entre os Estados Unidos e a China promete alterar o cenário econômico global e provocar reações nos mercados internacionais. O acordo, que estabelece uma trégua de 90 dias na guerra comercial entre as duas potências, causou um aumento do dólar e uma queda significativa do euro frente ao real. No entanto, analistas alertam que a euforia pode ser efêmera, já que muitos questionam a gravidade das mudanças reais que esse acordo poderia implicar.

Reações imediatas nos mercados

A instabilidade do mercado foi evidenciada pela alta nas Bolsas e a variação da moeda americana. Karen Georges, gestora de fundos da Ecofi, reconhece que a reação do mercado é positiva, mas ressalta que a incerteza persiste. “Noventa dias de alívio tarifário não alteram a incerteza criada pelos anúncios de 2 de abril. O mercado continua frágil”, declarou ao portal Bloomberg.

Mark Williams, economista-chefe da consultoria Capital Economics, também é cauteloso. Apesar de considerar que a trégua representa uma “redução substancial na escalada do conflito”, ele enfatiza que as tarifas impostas pelos EUA à China ainda são elevadas. “Os EUA ainda parecem tentar convencer outros países a impor restrições ao comércio com a China. Não há garantia de que essa trégua se transformará em um cessar-fogo duradouro”, adverte.

A visão dos economistas

Analistas do Commerzbank apontam que, embora os novos termos de acordo sejam favoráveis, as tarifas ainda permanecem altas em comparação ao cenário anterior ao retorno de Donald Trump à presidência. Assim, o ambiente comercial ainda está envolto em incertezas. Neil Wilson, estrategista da Saxo, reforça a ideia de que os EUA buscam uma maior independência da economia chinesa, algo que contradiz a comunicação oficial do governo americano acerca de sua posição comercial.

Adicionalmente, especialistas do Société Générale afirmam que, mesmo com o cenário menos hostil, existe uma incerteza significativa para empresas e consumidores. “O período de 90 dias pode significar uma antecipação dos fluxos comerciais, mas permanecem muitas interrogações sobre o futuro”, destacam.

Histórico de negociações e expectativas futuras

O histórico de negociações entre os dois países demonstra que acordos desse tipo podem demorar para serem consolidados. Durante a primeira presidência de Trump, um modelo semelhante de pausas e negociações levou a uma relação comercial tumultuada. Estudos apontam que, após o acordo inicial de 2020, a China não cumpriu com obrigações de compra que haviam sido estipuladas, e o déficit comercial dos EUA com o país aumentou ao longo da pandemia.

Roberto Scholtes, do Singular Bank, sugere que o mercado de ações tenta retornar aos patamares anteriores à guerra comercial, semelhante ao que foi visto após o “Dia da Libertação”, quando tarifas foram anunciadas. “Os fundamentos corporativos estão saudáveis, e os resultados do primeiro trimestre superaram as expectativas. Há liquidez para ser investida”, afirma.

Por outro lado, a comparação com o comportamento passado é válida. Analistas alertam que o clima otimista pode ser prematuro. “Embora os mercados tenham reagido positivamente, a história mostra que pode demorar muito para se chegar a um acordo definitivo — se isso for possível”, conclui um economista que preferiu permanecer anônimo.

Implicações para o Brasil

Com o Brasil se posicionando entre as duas potências, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que o país não tomará partido nesse embate comercial. Às vésperas das discussões, Haddad afirmou em entrevista que “Lula não vai escolher entre China e Estados Unidos na guerra comercial”. Tal postura pode ser fundamental para preservar a relação comercial brasileira com ambas as nações.

A expectativa é que nos próximos meses o Brasil possa explorar novas oportunidades comerciais à medida que a tensão entre EUA e China começa a flutuar. A recuperação econômica, em um cenário de incerteza global, pode trazer desafios, mas também abrir novos caminhos para a inserção do Brasil na economia mundial.

As próximas semanas serão decisivas para entender as verdadeiras implicações desse acordo e a capacidade das economias de se adaptarem às novas realidades geopolíticas. O acompanhamento contínuo do cenário deverá ser a prioridade tanto para investidores quanto para governos.

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