Na última semana, um trágico acidente na Estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás, trouxe à tona discussões prementes sobre a segurança dos passageiros no metrô de São Paulo. Lourivaldo Ferreira Nepomuceno, de 35 anos, perdeu a vida ao ser arrastado por um trem quando tentava embarcar, após ficar preso entre a composição e a porta de segurança. Pai de três filhos e estudante de Educação Física, Lourivaldo se tornou uma nova vítima em um cenário alarmante que já contabiliza pelo menos 15 ocorrências semelhantes nos últimos quatro anos, conforme documentos obtidos pela TV Globo.
Histórico de acidentes nas estações de SP
Diversas linhas do metrô paulistano têm relatos de acidentes que ressaltam a urgência da situação. Além da morte de Lourivaldo, outro caso marcante ocorreu em setembro de 2024, quando Florindo Neres, de 69 anos, foi atropelado na Estação Palmeiras-Barra Funda da Linha 3-Vermelha. Recentemente, em março de 2025, uma mulher foi resgatada após ficar presa na porta de segurança da Estação Vila Prudente, mas, felizmente, não sofreu ferimentos.
Desafios tecnológicos e falta de medidas eficazes
Especialistas apontam que a implementação de tecnologias de segurança, como sensores de presença, poderia ter evitado esses tragédias. Estes sensores, já adotados em metrôs de países como França e Reino Unido, são projetados para impedir que os trens partam caso detectem algum objeto ou passageiro entre as portas. Contudo, a situação na Linha 5-Lilás é agravada pelo fato de o vão entre a porta de segurança e o trem ser maior que os padrões internacionais, elevando consideravelmente o risco de acidentes.
Burocracia atrapalha soluções de segurança
Apesar de propostas de melhorias, a burocracia tem travado a implementação de soluções eficazes. Em outubro de 2024, a ViaMobilidade apresentou uma proposta para instalar barras de borracha com sensores que impediriam o fechamento das portas ao detectar a presença de passageiros. Porém, a resposta do Metrô foi apenas uma proposta semelhante, com previsão de implementação a partir de outubro de 2025. Em entrevista ao programa Fantástico, o presidente do Metrô, Júlio Castiglioni, admitiu que há uma parcela de responsabilidade da instituição e destacou o compromisso em tornar as operações mais seguras para os usuários.
Ações do Ministério Público
Diante das tragédias e da urgência em garantir a segurança dos passageiros, o Ministério Público instaurou um inquérito civil para investigar as condições de segurança na Linha 5-Lilás. Luís Guilherme Kolle, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Metrô, ressalta a importância de identificar responsabilidades, tanto civis quanto criminais, para que erros passados não se repitam.
Com a crescente insatisfação da população e a dor das famílias que perderam entes queridos em acidentes, a necessidade de ação imediata é mais evidente do que nunca. As vidas perdidas nessas tragédias não podem ser encaradas como meros números ou estatísticas, mas sim como um chamado à responsabilidade e à urgência de mudanças na infraestrutura de segurança das estações de metrô de São Paulo.
O debate sobre a segurança no metrô é uma questão que não se limita a São Paulo. Outras cidades do Brasil e do mundo também enfrentam desafios semelhantes, e é fundamental que as administrações públicas ajam de forma responsável, implementando inovações que tragam mais proteção aos usuários. A tragédia de Lourivaldo Ferreira Nepomuceno é um lembrete doloroso da necessidade de priorizar a vida e a segurança nas transportes públicos.