A Saudi Aramco, maior exportadora de petróleo do mundo, registrou uma queda de 4,6% no lucro líquido do primeiro trimestre, totalizando US$ 26 bilhões. Esse resultado é reflexo da baixa nos preços do petróleo, influenciada por aumentos na produção liderados pela Opep+ e pelas tensões comerciais provocadas pela imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Queda dos preços do petróleo e impacto nas finanças da Aramco
Os números trazem sinais de pressão sobre o balanço da gigante petrolífera. De acordo com um comunicado divulgado no domingo, o fluxo de caixa livre da Aramco não foi suficiente para cobrir os dividendos, mesmo que a quantia distribuída tenha diminuído. O lucro operacional teve uma ligeira queda de 5,3%, mas superou as estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg, trazendo um alívio temporário aos investidores.
No entanto, a situação é complicadora. Em um plano previamente anunciado, a companhia decidiu cortar seu dividendo de 2025 em cerca de um terço, reduzindo-o para US$ 85 bilhões. Esta decisão, embora alivie a pressão sobre a Aramco, compromete uma importante fonte de receita para o governo saudita, que já vê suas finanças sob crescente estresse.
Como a Opep+ afeta o mercado de petróleo
A queda do petróleo desde abril é um indício claro de que o impacto na Aramco e no governo saudita poderá ser ainda mais significativo, apesar do aumento na produção. O reino, por meio da liderança na coalizão da Opep+, implementou dois aumentos de oferta nos últimos cinco semanas, o que, aliado às tensões comerciais, momentaneamente derrubou os contratos futuros do petróleo para o menor nível em quatro anos, ficando abaixo dos US$ 60 por barril em Londres.
Dividendos e gastos governamentais
O dividendo total da Aramco no trimestre caiu para US$ 21,36 bilhões, uma redução em comparação aos US$ 31 bilhões no mesmo período do ano passado. Esse declínio é resultado da diminuição da parte do dividendo atrelada ao desempenho da empresa, após a distribuição dos lucros extraordinários de 2022.
Com o pagamento menor, a pressão sobre o orçamento da Arábia Saudita aumenta, especialmente considerando que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman está investindo grandes quantias na modernização da economia do país. Projetos como a construção de uma nova cidade no deserto chamada Neom e investimentos em esportes estão ampliando o déficit, e a dívida do governo atingiu o maior aumento já registrado no primeiro trimestre.
Perspectivas futuras e ceny atual do petróleo
Atualmente, os contratos do petróleo Brent estão sendo negociados perto de US$ 64, muito abaixo do preço de US$ 92 estimado pelo Fundo Monetário Internacional como necessário para equilibrar os gastos do reino. No primeiro trimestre, a Aramco vendeu seu petróleo a um preço médio de US$ 76,30 por barril, comparado a US$ 83 no mesmo período do ano anterior, conforme relatado no comunicado da empresa.
Implicações da visita de Donald Trump
Na esfera política, a agenda de Donald Trump inclui uma visita ao Oriente Médio nos próximos dias, onde ele chegará a Riad. O presidente dos EUA pediu à Opep+ que aumente a produção e reduza os preços do petróleo, buscando assim controlar a inflação e pressionar a Rússia em razão da guerra na Ucrânia. A pressão sobre as finanças da Saudi Aramco e as tensões no mercado de petróleo prometem continuar a ser um ponto focal não apenas para a empresa, mas também para a economia global.
Com a combinação desses fatores, o futuro da Saudi Aramco, assim como do governo saudita, pode permanecer incerto, à medida que o cenário geopolítico e econômico evolui. Especialistas e investidores observarão de perto os desdobramentos, tanto em relação às decisões da Opep+ quanto à dinâmica dos preços no mercado global de petróleo.