Brasil, 10 de maio de 2025
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Retorno polêmico de Jannik Sinner após doping no Masters 1000 de Roma

O tenista italiano Jannik Sinner volta ao circuito após suspensão por doping, gerando controvérsias entre jogadores e autoridade do tênis.

O retorno de um número 1 do mundo ao circuito costuma ser motivo para celebração. Mas, no caso do italiano Jannik Sinner, que volta às quadras hoje após três meses de suspensão por doping, há também uma boa dose de controvérsia. A punição branda que recebeu após testar positivo para um esteroide anabolizante e fazer um acordo com a Agência Mundial Antidoping (Wada) rachou o circuito e deixou a ATP sob acusações de tratamento privilegiado a um de seus atletas-vitrine. No meio desse fogo cruzado, Sinner enfrenta o argentino Mariano Navone, não antes das 14h, em sua estreia no Masters 1000 de Roma, com transmissão da ESPN 2 e do Disney+.

Entenda o caso de doping de Sinner

Sinner testou positivo para a substância proibida clostebol — esteroide anabolizante — duas vezes no ano passado: em 10 de março, durante o torneio de Indian Wells, na Califórnia, e fora de atividade no dia 18 do mesmo mês. Em ambas as situações, houve detecção de “níveis baixos” da droga, que é frequentemente utilizada em tratamentos oftalmológicos e dermatológicos. Segundo o tenista, a contaminação ocorreu involuntariamente após seu fisioterapeuta, Giacomo Naldi, usar um spray com clostebol para tratar um ferimento na própria pele e fazer contato sem luvas com o jogador.

Suspenso provisoriamente em 4 de abril de 2024 por violar regras do Programa Antidoping do Tênis (TADP), Sinner apresentou um recurso à Agência Internacional de Integridade do Tênis (ITIA) — responsável pelo antidoping na modalidade — e recebeu a autorização para seguir em atividade. Embora tenha retornado ao circuito, ele perdeu os 325 mil dólares (cerca de 1,8 milhão na cotação atual) e os 400 pontos conquistados em Indian Wells. Em 15 de agosto, um tribunal independente o absolveu das acusações, com a ITIA concordando que Sinner “não teve culpa ou negligência” no caso.

Críticas e reações ao tratamento do caso

Por outro lado, a Agência Mundial Antidoping (WADA) entrou com um recurso em 26 de setembro, questionando a decisão do tribunal sobre a “ausência de culpa ou negligência” e criticando a suspensão de três meses, que deixou os críticos preocupados com o tratamento desigual entre atletas de alto nível e seus colegas menos conhecidos. A suspensão leve permitiu que Sinner retornasse a tempo para competir no Grand Slam de Roland Garros, que começará em 25 de maio.

Fernando Meligeni, ex-tenista e comentarista da ESPN, comentou sobre o caso, destacando que o tratamento diferenciado de Sinner gerou sentimentos de injustiça entre outros jogadores. “O que não pode acontecer é essa atitude por ser o número 1, o que arranha a credibilidade de todo um esporte”, afirmou. A maioria dos tenistas, incluindo estrelas como Novak Djokovic e Serena Williams, criticaram a resolução do caso, expressando preocupação com a perda de fé nas autoridades antidoping.

Djokovic enfatizou que as dúvidas sobre imparcialidade no esporte crescem à medida que fica claro que jogadores de ponta podem se beneficiar de recursos que não estão disponíveis para todos. Serena Williams, por sua vez, lembrou que teria enfrentado punições muito mais severas se tivesse passado pela mesma situação que Sinner, afirmando: “Se eu tivesse feito isso, teria pego 20 anos. Teriam tirado os Grand Slams de mim”.

Confiança no sistema antidoping

Enquanto críticos expressam preocupação com o caso, outros, como Rafael Nadal, defendem Sinner, afirmando que ele não recebeu tratamento diferente por ser o número 1 do mundo. Nadal disse: “Realmente acredito no processo, passei por todos os testes por 20 anos, sei como as coisas são rigorosas em cada movimento”.

O caso não está confinado apenas ao masculino. A então número 1 do mundo no feminino, Iga Swiatek, também recebeu uma suspensão por doping em agosto de 2024, após testar positivo para uma substância proibida. Este caso lançou mais luz sobre a necessidade de um sistema antidoping justo e coeso no esporte. Enquanto Swiatek buscou mostrar que a contaminação foi resultante de um medicamento para insônia, a sensação entre muitos atletas e comentaristas é de que a imparcialidade das decisões ainda precisa ser aperfeiçoada.

Um olhar crítico sobre o futuro do tênis

O que esses casos revelam é uma verdade triste: a desigualdade no tratamento de aparelhagens antidoping e a necessidade de garantir que todos os atletas sejam tratados com equidade. “Nem todos têm direito a um advogado e vão estar na mídia”, observou a brasileira Bia Haddad, que passou 11 meses fora das quadras devido a uma suspensão por doping, após comprovar a contaminação cruzada em uma farmácia.

Enquanto Jannik Sinner faz seu retorno ao Masters 1000 de Roma, um novo debate sobre a ética no esporte acontece, ressaltando a necessidade de um sistema antidoping mais forte e justo para todos os atletas, independentemente de sua posição no ranking.

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