O cenário econômico brasileiro está em alerta com a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que continua a subir em meio a um ciclo de alta dos juros estabelecido pelo Banco Central. Com a meta inflacionária de 3% e um intervalo de tolerância entre 1,5% e 4,5%, a mais recente divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a inflação em abril subiu 0,43%, resultando em um acumulado de 5,53% nos últimos 12 meses.
A pressão sobre a inflação
De acordo com especialistas, essa alta nos preços demonstra uma resistência da inflação, mesmo com a taxa Selic, a taxa básica de juros, elevada em 14,75% ao ano. Esta taxa foi ajustada em uma decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na última quarta-feira (6 de maio), que deixou claro que a conjuntura econômica atual exige cautela de todo o sistema financeiro.
Pedro Ros, CEO da Referência Capital, ressalta que a pressão sobre a inflação é resultante de uma combinação de fatores, como a demanda pressionada, o aumento nos custos logísticos e a instabilidade fiscal. “Esses elementos levam a uma desaceleração do consumo, especialmente entre as famílias de baixa e média renda. Para o mercado, é um sinal claro de que a alta nos juros pode persistir, obrigando investidores e consumidores a buscar alternativas mais seguras, como ativos reais e crédito por meio de consórcios”, explica Ros.
Desse modo, a avaliação de Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, indica que, neste contexto de inflação resistente, o Banco Central provavelmente manterá os juros elevados por mais tempo. Contudo, o Copom não sinalizou qual será a sua próxima estratégia em sua reunião marcada para os dias 17 e 18 de junho, ressaltando que o ambiente é de “elevada incerteza”, o que exige ainda mais cautela nas decisões de política monetária.
Entenda a situação dos juros no Brasil
- A taxa Selic é o principal instrumento de controle da inflação.
- O Brasil enfrenta uma inflação anual de 5,48%, acima do teto da meta de 4,5%, reforçando a necessidade de medidas restritivas.
- O aumento nos juros espera-se que reduza o consumo no país, tornando o crédito mais caro.
- A ineficácia da política monetária atual é evidenciada pela dificuldade em quebrar a rigidez de preços, especialmente em itens essenciais.
- A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 17 e 18 de junho.
Com o resultado de abril, a inflação anualizada distancia-se ainda mais do centro da meta. Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, argumenta que enquanto a Selic em 14,75% é vista como necessária para controlar expectativas, o seu uso tem demonstrado sinais de esgotamento na luta contra a inflação. Segundo Lima, as restrições ao consumo, ao crédito e aos investimentos ainda não conseguiram desestabilizar a rigidez de preços de produtos essenciais.
Poder de compra sob ameaça
Como mostrado pelo Metrópoles, o poder de compra dos brasileiros, especialmente das classes mais baixas, continua a ser afetado negativamente, o que alimenta uma percepção negativa sobre o governo. Essa situação se torna um obstáculo significativo à recuperação do consumo, uma vez que o poder aquisitivo permanece limitado.
Além disso, as pressões inflacionárias estão sendo alimentadas por setores essenciais, como alimentação, saúde e educação, que lideraram os reajustes em abril. Com isso, a necessidade de medidas eficazes por parte do Banco Central se torna ainda mais urgente para assegurar uma estabilidade econômica e uma recuperação sustentável do poder de compra da população brasileira.