A aposentada Márcia Baumgarten, de 60 anos, se tornou uma das inúmeras vítimas de um esquema de fraudes que utiliza dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para a realização de empréstimos consignados ilegais. Essa prática criminosa levou a aposentada a descobrir uma dívida de R$ 40 mil, somando desconforto e dificuldades em sua vida financeira. Márcia compartilhou sua história ao programa RJ2, revelando como os criminosos abriram uma conta em seu nome e realizaram um empréstimo que nunca foi solicitado por ela.
Uma descoberta alarmante
Foi em dezembro de 2023 que Márcia percebeu algo errado ao tentar acessar o aplicativo ‘Meu INSS’. Para sua surpresa, um endereço de e-mail desconhecido estava vinculado à sua conta. “Não foi feito na minha conta, onde eu recebo o meu benefício. Abriram uma conta pra esse golpe. Isso é muito sério. Eu decidi entrar na justiça. Aí é um longo caminho”, relatou Márcia, expressando sua indignação e perplexidade diante da situação.
Após uma investigação inicial, Márcia descobriu que os criminosos haviam acessado seus dados pessoais e abriram uma conta bancária fraudulentamente em seu nome no Banco Santander. O método utilizado pelos golpistas incluía um vídeo de uma impostora, que se fez passar por ela. Em uma prova da audácia dos criminosos, a mulher que se passou por Márcia não conseguiu pronunciar corretamente o sobrenome “Baumgarten”, que estava errado no contrato – uma tentativa de burlar o sistema que acabou se revelando ineficaz.
Despesas e frustrações mensais
Com o empréstimo aprovado, o valor total foi imediatamente depositado na conta dos golpistas. Desde então, Márcia enfrenta descontos mensais na sua aposentadoria, que continuarão até 2030 para quitar um empréstimo que ela nunca pediu. A situação se agrava a cada mês, com a aposentada expressando seu descontentamento: “Eu me sinto lesada, me sinto roubada todo mês. Tô sendo roubada, tô gastando uma nota para provar que eu sou eu. Eu tenho uma mãe idosa de 93 anos”, desabafou Márcia, revelando a pressão que a fraude exerce não só sobre ela, mas também sobre sua família.
Banco alega má-fé, e justiça é a alternativa
Após entender a gravidade da situação, Márcia procurou as autoridades e registrou um boletim de ocorrência na delegacia. No entanto, ao buscar ajuda do Banco Santander, recebeu a resposta de que estava agindo de má-fé. “Eu fiquei muito mal e me senti muito humilhada. Gente, olha o que estou passando para provar que não sou eu. Eu tenho que dizer que eu não sou eu”, desabafou a aposentada, evidenciando a angústia e os desafios burocráticos enfrentados por ela.
Para tentar reverter a situação, Márcia decidiu processar o banco, mas a questão ainda está pendente na justiça, sem previsão clara de resolução. O ocorrido é um reflexo de uma crise ampla no sistema do INSS, que viu os empréstimos consignados a aposentados e pensionistas alcançarem a marca de quase R$ 90 bilhões no país, conforme dados do Tribunal de Contas da União.
Investigações e ações para prevenir fraudes
Recentemente, operações conjuntas da Polícia Federal com a Controladoria-Geral da União expuseram irregularidades de associações que, entre 2019 e 2024, realizaram descontos indevidos em aposentadorias, gerando um prejuízo estimado em até R$ 6,3 bilhões. Operações levaram ao afastamento de seis servidores públicos, incluindo o então presidente do INSS, evidenciando a gravidade das fraudes nos sistema previdenciário.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) fez um apelo para que as investigações sobre fraudes de empréstimos consignados sejam intensificadas, contribuindo para a construção de um sistema mais seguro e transparente para os beneficiários. O governo também estabeleceu alertas sobre o aumento dos golpes e desinformação nas redes sociais, aumentando a conscientização sobre os perigos associados a essas fraudes.
Novos golpes e cuidados necessários
Como se não bastasse, em maio de 2024, Márcia quase caiu em uma nova armadilha, onde criminosos se passaram por advogados oferecendo o ressarcimento dos empréstimos que ela nunca fez. “Quase caí de novo. Mandaram uma chave Pix e pediram taxa, mas percebi a armadilha”, contou Márcia, reafirmando a necessidade de vigilância constante e educando-se sobre os riscos que as fraudes representam.
O INSS recomenda que os beneficiários realizem visitas regulares ao portal ‘Meu INSS’ e relatem qualquer irregularidade pelo telefone 135, buscando assim proteger-se contra fraudes semelhantes.
A história de Márcia é um lembrete contundente da vulnerabilidade que muitos enfrentam em relação a fraudes financeiras e da importância de tomar precauções para resguardar seus dados e sua renda. A luta de Márcia é não apenas por seu próprio ressarcimento, mas também por um sistema mais seguro para todos os aposentados e pensionistas.
