Brasil, 10 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Unigel aceita proposta de salvamento da Petrobras e reativa fábricas na Bahia e Sergipe

Após dois anos de fechamento, Unigel reativa fábricas de fertilizantes com apoio da Petrobras, apesar de polêmicas e pressão política.

A Unigel, uma importante empresa do setor de fertilizantes, decidiu aceitar o acordo proposto pela Petrobras para reativar suas fábricas em Bahía e Sergipe, que estavam fechadas há dois anos. A decisão surpreende, já que a empresa inicialmente havia recusado a oferta da estatal, mas, após negociações intensas, a formalização ocorreu durante a reunião do Conselho de Administração na última sexta-feira (5).

Contexto e principais implicações do acordo

O acordo, que foi centro de um acalorado debate, obriga a Unigel a participar de uma licitação para definir a operadora das fábricas, um ponto que inicialmente não agradou à companhia. Interlocutores da Petrobras observam que a Unigel tentou pressionar a estatal a mudar as condições do acordo, adaptando-o às suas necessidades financeiras. Contudo, sem sucesso, a empresa não teve outra alternativa senão acatar os termos.

A Unigel tem enfrentado dificuldades financeiras significativas, com prejuízos acumulados em decorrência da alta no preço do gás natural, uma das principais matérias-primas para a fabricação de fertilizantes. A reabertura das fábricas é, portanto, crucial para a recuperação da empresa e para o fornecimento nacional de fertilizantes, especialmente em um cenário onde a demanda está em alta.

Apoio político e divisão no conselho

Durante as discussões sobre o acordo, um grupo de políticos, conhecido como “Clube da Bahia”, pressionou pela aceitação do salvamento da Unigel. Essa situação gerou divisões no Conselho da Petrobras, onde a proposta foi aprovada com sete votos favoráveis, apesar da resistência de quatro conselheiros minoritários. A participação de conselheiros alinhados ao governo foi essencial para a aceitação do acordo.

A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, foi uma defensora do salvamento da Unigel, mas teve que ceder a temores de uma derrota nas votações internas, que poderiam trazer consequências negativas para a empresa e para o governo. O dilema ético e financeiro levantado por muitos conselheiros era a preocupação com a transparência e as implicações legais do acordo, que incluía a dispensa de licitação.

Retomada da produção e potencial de recuperação

A Unigel havia arrendado as fábricas da Petrobras em 2020, durante a gestão do governo de Jair Bolsonaro, após a estatal decidir se retirar do setor. Desde então, a empresa enfrentou uma crescente crise econômica, agravada por uma alta no preço do gás natural. Ao aceitar o acordo, Unigel não apenas busca uma recuperação financeira, mas também contribuir para a segurança alimentar no Brasil, assegurando um fornecimento estável de fertilizantes para a agricultura.

O acordo com a Petrobras envolve a dispensa de uma ação judicial de R$ 1,4 bilhão contra a empresa e um investimento de R$ 200 milhões para a reativação das plantas. Contudo, a possibilidade de um “drible” nas instâncias internas da Petrobras, conforme apontado por alguns técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU), continua a gerar preocupações sobre a sustentabilidade do acordo e suas repercussões a longo prazo.

Expectativas para o futuro

A pressão por uma resposta rápida foi exacerbada pela situação política e econômica do Brasil, onde a retomada da produção de fertilizantes é vista como uma prioridade pelo governo de Lula. A Unigel agora precisa não apenas garantir a eficácia de suas operações, mas também trabalhar para restabelecer a confiança do mercado e de seus stakeholders.

Com a reabertura das fábricas em Sergipe e Bahia, o futuro da Unigel poderá representar um importante passo não apenas para a recuperação da empresa, mas também para o equilíbrio do setor de fertilizantes no Brasil, contribuindo para que o país atinja sua autonomia na produção agrícola.

Desde os últimos anos, várias mudanças de gestores e uma instável conjuntura política tornaram o ambiente de negócios mais complexo. Como a Unigel se adaptará à nova realidade e quais serão os passos seguintes para garantir a eficiência das operações e a sustentabilidade financeira da empresa estão entre as questões que ainda pairam no ar.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes