O novo ministro da Previdência, Wolney Queiroz, se vê em um cargo de responsabilidade em um momento delicado do governo Lula. No centro de uma crise originada por denúncias de descontos indevidos em benefícios do INSS, ele precisa agir com habilidade para resolver o problema e reconquistar a confiança da população.
Desafios e responsabilidades no ministério
Chegar ao cargo de ministro da Previdência aos 52 anos é um marco na trajetória política de Wolney Queiroz, que já atuou como secretário-executivo da mesma pasta sob a gestão de Carlos Lupi. No entanto, assumir essa posição no meio de um escândalo envolvendo fraudes e desvios é um desafio sem precedentes. Queiroz reconhece a gravidade da situação e está determinado a provar que está à altura da função. “É o melhor momento da minha vida na política, mas o momento é delicadíssimo. Tenho que mostrar para a sociedade que tudo vai ser apurado”, afirmou em entrevista ao GLOBO.
Uma de suas principais tarefas é encontrar uma solução que devolva o dinheiro desviado a aposentados e pensionistas, enquanto tenta mostrar ao presidente Lula que possui habilidade para liderar o ministério. Para isso, Queiroz despacha diariamente do Palácio do Planalto, onde suas decisões dependem da autorização da Casa Civil.
Medidas em resposta ao escândalo
Uma das primeiras ações de Queiroz foi revogar uma portaria que limitava os poderes do presidente do INSS, buscando reverter a gestão anterior e implementar mudanças significativas. Ele também começou a compartilhar sua rotina nas redes sociais, estabelecendo um canal mais próximo com a população e mostrando transparência nas suas ações, algo que tem sido muito demandado neste momento de crise.
Aliados e amigos têm ouvido que sua autonomia como secretário-executivo era restrita por Lupi, que controlava nomeações importantes. Queiroz destaca que não tinha conhecimento sobre quem indicou Virgilio Oliveira Filho e André Fidelis, ex-integrantes da sua equipe que estão sendo investigados por possíveis envolvimentos nas fraudes. Ambos negam tais acusações.
Uma carreira política marcada pelo Legislativo
A carreira política de Wolney Queiroz começou no início dos anos 1990, quando foi eleito vereador de Caruaru aos 20 anos. Desde então, ele consolidou sua presença no legislativo, tendo sido deputado federal por várias legislaturas, embora tenha enfrentado desafios em diferentes momentos, incluindo a não reeleição em 1998. Sua trajetória sempre esteve ligada ao PDT, partido de Leonel Brizola.
Como parlamentar, Queiroz sempre buscou manter boas relações com diferentes bancadas e foi reconhecido por sua habilidade em transitar entre diversos setores da política. Este aspecto da sua atuação pode ser um diferencial agora, quando precisa unir esforços para restabelecer a confiança nas ações do ministério da Previdência.
Controvérsias e posicionamentos
Durante sua trajetória no Congresso, Wolney Queiroz se posicionou contra várias reformas importantes, como a reforma trabalhista e a reforma da Previdência promovidas pelos governos Temer e Bolsonaro, respectivamente. Essa postura crítica pode ser um indicativo de suas intenções em buscar uma Previdência mais justa e transparente para os aposentados, uma vez que o desafio agora é não apenas enfrentar o escândalo atual, mas também reconstruir a reputação do INSS.
Relações políticas e desafios futuros
A presidência do PDT em Pernambuco também coloca Queiroz em um papel de destaque e, ao mesmo tempo, o coloca diante de desafios políticos em nível local. Ele já teve desentendimentos com Carlos Lupi em questões de apoio político e deve navegar cuidadosamente sua relação com outros líderes partidários para consolidar sua posição.
Além da política, Queiroz tem experiência empresarial, sendo sócio de uma distribuidora e uma administradora de imóveis, o que pode proporcionar uma visão diferente sobre a gestão pública. Ele precisará combinar essa visão com uma abordagem proativa para recuperar a confiança da população na Previdência, especialmente em tempos tão turbulentos.
À medida que avança, Wolney Queiroz deve demonstrar sua capacidade de liderança e inovação no ministério, buscando não apenas a solução imediata para os problemas enfrentados, mas também o fortalecimento das bases da Previdência Social brasileira.