O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta sexta-feira (9), que o Brasil deseja ampliar suas relações bilaterais com a Rússia, com um foco especial na área de energia. Durante um encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, Lula expressou um forte interesse pela experiência russa no desenvolvimento de pequenas usinas nucleares, uma das alternativas para a geração de energia limpa e sustentável.
Fortalecimento da parceria estratégica
“Esta minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais e também em áreas científicas e tecnológicas com a Rússia”, destacou Lula. O fluxo comercial entre os dois países é significativo, alcançando cerca de US$ 12,5 bilhões, embora ainda seja deficitário para o Brasil. O presidente ressaltou que o potencial de crescimento desta relação é bastante promissor, mencionando temas como defesa, pesquisa espacial e educação.
Durante a visita, foram assinados acordos na área de ciência e tecnologia, com a presença de integrantes da comitiva de Lula, incluindo os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, além do presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A assinatura destes atos destaca a intenção do Brasil em diversificar a cooperação com a Rússia em setores estratégicos para o desenvolvimento econômico e tecnológico.
Intercâmbio comercial com a Rússia
Putin, durante a reunião, reafirmou que as relações entre Brasil e Rússia estão se desenvolvendo por meio de contatos de alto nível e fez questão de ressaltar que o Brasil é um importante parceiro comercial para a Rússia, especialmente no que se refere à importação de produtos alimentícios. O Brasil é responsável por uma parte significativa das importações russas de fertilizantes e óleo diesel, enquanto exporta produtos do agronegócio como soja, carne bovina, café não torrado, entre outros.
Comemorações e encontros bilaterais
Lula chegou a Moscou na última quarta-feira (7) para participar das celebrações pelos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. Este evento é considerado o feriado mais importante do país e foi marcado por um desfile cívico-militar, celebrado na manhã do encontro entre os líderes. Além disso, ainda nesta sexta-feira, Lula se reunirá com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, ampliando assim sua agenda de compromissos internacionais.
Impactos da guerra comercial global
A visita de Lula ocorre em um momento delicado para as relações comerciais globais, com uma intensificação da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O presidente brasileiro abordou a questão durante sua reunião com Putin, enfatizando como as recentes tarifas impostas unilateralmente pelos EUA têm impactado o conceito de livre comércio e o multilateralismo. “Essas decisões jogam por terra a grande ideia do livre comércio e do fortalecimento do multilateralismo, além de desrespeitar a soberania dos países”, declarou Lula, evidenciando a necessidade de uma maior cooperação entre as nações, especialmente em tempos de tensão comercial.
A visita do presidente Lula à Rússia continuará até este sábado (10), quando ele partirá para Pequim, na China. Em sua passagem pela China, Lula participará de uma cúpula entre o país asiático e as nações da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), onde são esperados diversos acordos bilaterais a serem assinados.
A ampliação das relações Brasil-Rússia, especialmente no setor energético, representa não apenas uma oportunidade de crescimento econômico, mas também uma tentativa do Brasil de diversificar suas parcerias internacionais em um cenário global em constante mudança.