O assassinato do advogado Silvio Vieira da Silva, de 54 anos, chocou a comunidade jurídica e a população de Fortaleza. Com uma carreira marcada pela atuação em casos de grande repercussão, Silvio foi baleado na última segunda-feira (5), no Bairro Genibaú, em um crime que levanta suspeitas sobre a relação de sua morte com atividades de facções criminosas na região.
Prisão de suspeitos e detalhes da investigação
A polícia conseguiu prender dois suspeitos do crime poucas horas após o assassinato, a partir de uma ligação anônima recebida durante o depoimento de uma testemunha. Os homens identificados como Pedro Guilherme Bandeira Lourenço, conhecido como “Lourim”, e Francisco Robert Teixeira de Mesquita, apelidado de “Itapagé”, foram capturados no Bairro Genibaú, onde estavam supostamente escondidos.
De acordo com informações da polícia, um morador local, que preferiu manter sua identidade em sigilo, relatou que viu dois indivíduos com tornozeleira eletrônica abordando o veículo do advogado. Ele descreveu como os criminosos perguntaram se ele era o doutor Silvio, ao que ele respondeu afirmativamente, sendo imediatamente alvejado. O advogado, mesmo ferido, ainda conseguiu dirigir alguns metros até colidir em um muro, momento em que os atacantes se aproximaram para finalizar o ataque.
Motivação do crime
As investigações, que incluem o Ministério Público, sugerem que a motivação do crime pode estar relacionada ao fato de que Silvio não conseguiu obter a soltura de um membro de uma facção criminosa. No entanto, essa versão ainda não foi confirmada pela polícia. As autoridades estão ainda escutando familiares e conhecidos do advogado para obter mais informações sobre o seu círculo profissional e averiguar possíveis motivações para o crime.
Atraído para o crime com pagamento
Uma nova revelação sobre o caso mostra que Silvio pode ter sido atraído ao local do assassinato sob a promessa de um pagamento de R$ 4 mil. Sua esposa contou que ele recebeu várias ligações de um indivíduo insistindo que ele se dirigisse ao bairro para receber o dinheiro. Mesmo tendo relutado e sugerido que o pagamento fosse feito via transferência, a insistência da pessoa foi suficiente para convencê-lo a ir ao local, apesar dos avisos de sua esposa sobre os riscos envolvidos.
Suspeitos negam envolvimento
Os dois suspeitos, que possuem antecedentes criminais, negaram qualquer envolvimento no assassinato durante seus depoimentos à polícia. Lourim afirmou que no momento do crime estava em casa trocando sua tornozeleira eletrônica, enquanto Itapagé alegou que estava conversando com um conhecido em outra localidade. No entanto, as investigações indicam que suas afirmações são contraditórias e não foram corroboradas por gravações de câmeras de segurança nos locais mencionados.
Silvio Vieira e sua trajetória profissional
Silvio Vieira da Silva formou-se em Direito pela Universidade Federal do Ceará e se destacava como conselheiro seccional da OAB-CE. Com uma carreira marcada pela defesa de casos de grande repercussão, ele representou policiais no polêmico julgamento da Chacina do Curió, e atuou como advogado de defesa em diversos casos criminalmente sensíveis no Ceará.
A OAB-CE emitiu uma nota lamentando a perda do advogado e declarou luto oficial de três dias, destacando a consternação da advocacia cearense diante da brutalidade do crime. A presidente da OAB Ceará, Christiane Leitão, enfatizou a necessidade de um rigoroso empenho das autoridades na apuração do caso.
A comunidade e a classe jurídica se mobilizam em busca de justiça, e a investigação continua para esclarecer todos os detalhes desse crime cruel e covarde.
