Brasil, 9 de maio de 2025
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Brasil deve intensificar relações comerciais com a China

Com a guerra tarifária global, Brasil encontra oportunidades em sua relação com a China, destacam especialistas.

O cenário de guerra tarifária global e o crescente isolacionismo dos Estados Unidos criam uma oportunidade única para que o Brasil potencialize seus investimentos e desenvolva suas relações comerciais com a China. Especialistas apontam que, em meio a esse contexto, o país sul-americano deve buscar acordos que promovam uma maior integração econômica com a nação asiática.

A importância da colaboração Brasil-China nesta era

Otaviano Canuto, ex-vice-presidente do Banco Mundial e atual membro do Instituto Policy Center for the New South, sugere que o Brasil deve adotar uma postura proativa em relação à China, similar à de outros países que resistem ao anti-globalismo. “Promover acordos de comércio e integração via investimentos seria essencial”, afirma Canuto. Ele observa que um maior número de acordos semelhantes ao do Mercosul com a União Europeia poderia beneficiar não apenas o comércio com a China, mas também com outras nações.

Assimetria nas trocas comerciais: um desafio a ser superado

De acordo com Ana Tereza Marra de Sousa, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal do Grande ABC, a relação comercial entre Brasil e China apresenta uma assimetria significativa. Mais de 70% das exportações brasileiras destinadas à China consistem em produtos primários, como soja, minério de ferro e petróleo, enquanto o Brasil importa da China produtos manufaturados com maior valor agregado.

Marra de Sousa alerta que essa disparidade pode se agravar devido à guerra comercial em andamento. “A questão não é apenas como aumentar o intercâmbio, mas como garantir que esse intercâmbio contribua efetivamente para o desenvolvimento industrial e tecnológico do Brasil”, enfatiza a académica, que integra o Observatório de Política Externa e Inserção Internacional do Brasil da UFABC e a Rede Brasileira de Estudos da China (RBChina).

Investimentos: o novo capítulo da relação Brasil-China

Fabiana D’Altri, economista da Bradesco Asset e membro do Conselho Brasil-China, destaca que as relações comerciais frequentemente abrem portas para investimentos. Nos últimos anos, o Brasil tem trabalhado ativamente nesse sentido, buscando aumentar a presença de empresas chinesas em diversos setores, como saúde, tecnologia e finanças. “Os acordos assinados nas últimas décadas têm se concentrado em facilitar a entrada de empresas chinesas no Brasil”, explica D’Altri.

Ela também aponta que o futuro da relação comercial entre os dois países está mais atrelado à troca de investimentos do que a acordos comerciais isolados. Um exemplo disso é o crescente número de montadoras de carros elétricos e a produção de smartphones, cujas importações iniciais estão sendo seguidas da instalação de fábricas no Brasil.

Acordos recentes e seus impactos

Desde 2023, acordos firmados durante as visitas dos presidentes do Brasil e da China destacam a intenção de aprofundar as cooperações nos setores de mineração, energia, indústria da transformação e alta tecnologia. Marra de Sousa considera o Plano de Cooperação para o Estabelecimento de Sinergias entre Brasil e China, assinado no último ano, como o mais relevante. Este plano visa fomentar as discussões e acordos entre ambos os países, alinhando iniciativas brasileiras, como o Novo PAC e o Programa de Rotas da Integração Sul-Americana, com a Iniciativa do Cinturão e da Rota da China.

d’Altri destaca a relevância da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação – Cosban, que foi criada durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva à China, em 2004. Esta comissão, que se reúne a cada dois anos, tem se tornado fundamental para promover diálogos e fortalecer a cooperação entre os dois países.

Brasil como um ator ativo nas negociações

Atualmente, o Brasil tem se mostrado mais assertivo nas negociações com a China, buscando não apenas aceitar o que é proposto, mas também apresentar contrapontos e impôr condições que favoreçam seus interesses. “O Brasil começou a ter mais voz e proposição nas discussões, o que é vital para que as negociações resultem em um ganho mútuo”, conclui D’Altri.

Com a dinâmica global em transformação e a necessidade de diversificação das relações comerciais, o Brasil se posiciona na busca por acordos que poderiam fortalecer sua economia e garantir um desenvolvimento mais equilibrado nas interações com a China.

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas a disposição para fortalecer os laços comerciais é um passo positivo nessa jornada. Especialistas concordam que a colaboração Brasil-China pode se transformar em um motor de inovação e crescimento econômico para ambos os países na nova era que se aproxima.

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