Brasil, 9 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Brasil perde oportunidade de ser mais conhecido entre os chineses

Especialista destaca a importância da interação cultural e do intercâmbio educacional nas relações Brasil-China.

O Brasil vem desperdiçando a chance de se tornar um país mais conhecido entre os chineses devido à falta de iniciativas voltadas para a interação cultural. Segundo Daniel Veras, professor da pós-graduação em China Contemporânea na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, o foco excessivo nas relações comerciais e políticas tem deixado de lado aspectos culturais fundamentais. Em um mundo cada vez mais globalizado, a comunicação intercultural é vital para o fortalecimento de laços entre nações.

A importância da comunicação intercultural

Veras destaca que os desafios culturais podem ser um obstáculo para os negócios entre empresas chinesas e ocidentais. Um dos conceitos-chave em negociações na China é o guanxi, que se refere à importância das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Essa prática é frequentemente mal compreendida por empresários brasileiros, resultando em dificuldades na adaptação e entendimento do mercado chinês. Embora as empresas chinesas tenham se esforçado para preparar seus profissionais para essa comunicação, os brasileiros ainda enfrentam um alto índice de rotatividade e adaptação.

Experiência na China e interesse pelo Brasil

Durante sua estadia na China, Veras observou que o interesse dos estudantes chineses pelo Brasil variava ao longo dos anos. Em 2006, ao lecionar para crianças em Xiantao, ele percebeu que o futebol era um grande atrativo. Entre 2007 e 2009, o enfoque mudava para questões políticas e de relações internacionais, conforme os estudantes buscavam entender melhor o Brasil no contexto da cooperação internacional.

Educação e cultura na relação Brasil-China

A interação institucional entre Brasil e China está crescendo, com 55 universidades chinesas oferecendo cursos de português. Contudo, o investimento brasileiro em iniciativas semelhantes é escasso. A motivação para o aprendizado de português na China, curiosamente, muitas vezes está mais ligada a países africanos de língua portuguesa, como Angola, do que ao Brasil em si.

Além disso, a participação brasileira em intercâmbios culturais e educacionais com a China ainda é tímida. Veras afirma que é necessário superar a abordagem puramente comercial e fortalecer o intercâmbio cultural. Para isso, é fundamental formar profissionais que compreendam a China e que dominem a língua e a cultura local.

Reconhecimento cultural do Brasil

Apesar das dificuldades, o Brasil tem se esforçado para se tornar mais conhecido na China. Elementos como futebol, carnaval, samba e churrasco se destacam, mas a literatura brasileira também tem ganhado espaço. Desde a década de 1950, obras de Jorge Amado são traduzidas para o chinês, e títulos como “Meu pé de laranja lima” de José Mauro de Vasconcelos estão sendo incorporados ao currículo escolar na China.

Entretanto, a projeção cultural não se limita à literatura. A exibição de filmes brasileiros, como “Estrada da vida”, causando estrondos na audiência, ilustra o interesse crescente pelo Brasil. A participação no Festival de Cinema de Beijing também demonstra que a cultura brasileira ainda possui um apelo significativo.

Desafios enfrentados e possíveis soluções

O choque cultural persiste, e a interação entre trabalhadores brasileiros e chineses nem sempre é fácil. Mais de 30% dos empregados brasileiros deixavam suas funções em empresas chinesas dentro de um ano, de acordo com um estudo de 2011. A elevada rotatividade é impulsionada por diferenças nas expectativas culturais e estilos de trabalho, além do horário de trabalho que muitas vezes se estende para além do esperado.

Mudar essa dinâmica requer mais do que um simples intercâmbio de informações. É fundamental que as empresas chinesas promovam treinamentos interculturais para facilitar a adaptação dos trabalhadores brasileiros. Com um entendimento mais profundo das diferenças culturais, tanto brasileiros quanto chineses podem trabalhar juntos para fortalecer suas parcerias.

Conclusão

O Brasil tem um enorme espaço para crescer nas relações com a China, especialmente por meio da promoção da cultura e da educação. Investir em comunicação intercultural e reforçar a presença cultural brasileira no país asiático pode garantir que o Brasil não apenas se torne mais conhecido, mas também que estabeleça relações mais sólidas, que vão além do comércio, levando a um futuro de cooperação e respeito mútuo.

O reflexo dessa necessidade de adaptação e aprendizagem mútua se torna evidente à medida que o Brasil busca um papel mais significativo no cenário internacional. Através da cultura e da educação, o país tem a oportunidade de moldar a sua imagem e conquistar o seu espaço nas relações globais.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes