O caso do desaparecimento do adolescente Davi Fiúza, que ocorreu em 2014, segue sem desfecho. A primeira audiência de instrução, marcada para o dia 8 de agosto de 2025, foi suspensa pela segunda vez devido à falta de notificação dos policiais suspeitos de envolvimento no caso. O adolescente desapareceu aos 16 anos, na cidade de Salvador, após ser abordado por policiais e colocado em um carro sem identificação durante a abordagem.
O desaparecimento e a abordagem policial
Na noite do 24 de outubro de 2014, Davi estava se conversando com uma vizinha no bairro de São Cristóvão quando foi abordado pelo Pelotão de Emprego Tático Operacional (PETO) e Rondas Especiais (Rondesp). Segundo relatos, o jovem foi encapuzado com suas próprias roupas, amarrado e colocado no porta-malas de um carro não identificado. Desde então, a família não teve mais notícias dele.
A situação reverberou na sociedade e no sistema judicial, culminando na denúncia contra sete policiais militares pela suposta prática de sequestro e cárcere privado. O inquérito policial apontou que um total de 17 PMs participaram da abordagem, mas o Ministério Público optou por denunciar apenas os sete suspeitos, deixando os demais fora do processo judicial.
As tentativas da justiça e os obstáculos encontrados
Desde o desaparecimento de Davi, sua mãe, Rute Fiúza, tem buscado incansavelmente por respostas. Ela narrou que percorreu diversas delegacias, o Instituto Médico Legal e até locais conhecidos como ‘desovas’ na esperança de encontrar qualquer informação sobre seu filho. A angustiante busca não trouxe resultados e a família vive anos de incerteza.
Em 2018, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) indeferiu o pedido de liminar da defesa dos policiais, que buscavam evitar o júri popular e manter o processo sob jurisdição militar. Essa decisão indicou uma brecha para que o caso fosse finalmente ouvido em tribunal, mas até agora os obstáculos têm atrasado o andamento do processo.
Demandas da sociedade e apoio internacional
Além das petições e busca incansável da família, o caso gerou repercussão internacional. Em julho de 2019, a Anistia Internacional se manifestou pedindo respostas e justiça, afirmando que a ausência de investigação adequada refletia uma grave violação dos direitos humanos. A organização destacou a dor da mãe de Davi, que clamava para que o Estado não a privasse de se tornar avó.
As audiências de instrução, que deveriam ser um passo em direção à justiça, têm sido marcadas por adiamentos e falta de comprometimento por parte das autoridades. A primeira tentativa de trazer os suspeitos ao tribunal foi adiada em agosto de 2024 devido à ausência da principal testemunha, um fato que acentua a urgência do caso e a necessidade de desfechos mais definitivos.
Expectativas em relação à próxima audiência
A audiências planejadas, embora importantes, revelam a fragilidade do sistema judicial quando não se mantém um rigor no cumprimento de prazos e processos. As famílias de vítimas como Davi Fiúza esperam que a próxima audiência não enfrente mais obstruções e que, finalmente, o caso possa avançar. A esperança de que a justiça seja feita continua a ser o farol que guia a família e todos aqueles que acompanharam o triste desdobrar dessa história.
Enquanto isso, a memória de Davi e a luta de sua mãe permanecem presentes na mente de muitos, um lembrete doloroso de que a busca pela verdade e pela justiça é uma luta constante e necessária. A sociedade aguarda ansiosamente por respostas e por um dia em que a história de outros jovens não siga pelo mesmo caminho trágico que Davi Fiúza enfrentou.