A desigualdade de renda no Brasil continua a ser um tema alarmante, especialmente quando observamos os dados recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada em 8 de maio, o 1% mais rico da população brasileira tem uma renda média mensal 36,2 vezes maior que os 40% que estão na base da pirâmide econômica. Essa disparidade é um reflexo das profundas desigualdades sociais que persistem no país.
A dívida social e as cifras que impressionam
De acordo com a pesquisa, enquanto o rendimento médio mensal real do 1% mais rico foi de R$ 21.767 em 2024 — um aumento de 0,9% comparado ao ano anterior — aqueles que pertencem aos 40% mais pobres experimentaram um crescimento bem mais significativo. Eles registraram uma renda média de R$ 601, o que representa um aumento de 9,3% em relação a 2023. Este crescimento é notável, especialmente considerando que, nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro passou por um dinâmico momento de recuperação, com aumento dos salários e criação de novas vagas.
O aumento dos beneficiários e a melhoria das condições
Entre os fatores que podem explicar o aumento na renda dos mais pobres estão a melhora no mercado de trabalho e a expansão de programas sociais que têm promovido a inclusão de milhões de brasileiros no sistema econômico. O impacto positivo dessas medidas é evidente, já que, para a maioria da população, os rendimentos apresentaram crescimento acima da média nacional de 4,7%.
Os dados mostram ainda que o rendimento mensal real domiciliar per capita dos 5% mais pobres alcançou R$ 154 em 2024, um aumento de 17,6% em relação a 2023. Seguiram-se aumentos significativos em diversas faixas de renda, confirmando uma recuperação econômica que, mesmo que lenta, parece estar acontecendo.
Comparação da renda entre classes sociais
Os dados da PNAD mostram que a discrepância entre as classes sociais no Brasil é alarmante. Enquanto o rendimento dos 10% mais ricos estava em R$ 8.034, a renda dos 40% mais pobres se configurava em apenas 13,4 vezes menos. No entanto, é importante destacar que essa é a menor variação da desigualdade de renda desde 2012, sugerindo que, embora ainda crítica, a situação está se estabilizando.
No cenário geral, a renda domiciliar do Brasil também atingiu um marco histórico, com o valor médio chegando a R$ 2.020 em 2024, representando uma alta de 4,7% em comparação a 2023 e um crescimento de 19,1% em relação ao início da série em 2012. Esses dados indicam um leve progresso na condição social dos brasileiros, embora ainda existam enormes desafios a serem enfrentados.
O impacto do índice de Gini
Um dos indicadores mais importantes para medir a desigualdade social é o índice de Gini, que varia entre 0 (máxima igualdade) e 1 (máxima desigualdade). Em 2024, esse índice atingiu 0,506, o menor valor já registrado desde o início da série em 2012. Esse dado é um indicativo de que, apesar das altas disparidades de renda, as políticas desenvolvidas nos últimos anos estão começando a mostrar resultados no combate à desigualdade.
Perspectivas futuras
Com a massa de rendimento mensal domiciliar per capita alcançando R$ 438,3 bilhões — um aumento de 5,4% em relação a 2023 — surgem novas oportunidades para a promoção do crescimento econômico e social. Contudo, é crucial que o governo e a sociedade civil continuem investindo em políticas públicas que garantam ainda mais igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.
O futuro da economia e da política social brasileira deve ser pautado por um compromisso firme com a equidade, visando não apenas o crescimento econômico, mas a construção de uma sociedade mais justa e solidária. O Brasil, com todos os seus desafios, possui potencial suficiente para avançar e superar essas disparidades históricas.