A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic a um patamar que não era visto desde agosto de 2006, no início do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, a taxa chegou ao seu maior nível em quase 20 anos. Essa elevação acende um alerta no mercado e gera novas oportunidades de investimento, especialmente em aplicações de renda fixa que se tornam atraentes em um cenário de juros altos.
Impacts and forecasts for the economy
A elevação dos juros é uma medida que visa controlar a inflação, que atualmente apresenta uma taxa de 5,48% acumulada em 12 meses até março. Com o Comitê decidindo manter a taxa em 14,75%, os analistas do mercado começaram a se questionar se este pode ser o último aumento do ciclo de alta. Economistas já debatem se o Banco Central deve aguardar o efeito das medidas anteriores antes de tomar novas decisões.
Um dos pontos destacados pela economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese, é de que a Selic já está em um patamar restritivo, com potencial para limitar o crescimento econômico. Apesar de isso, ela afirma que não há previsão de cortes de juros no horizonte próximo, dada a inflação ainda elevada. “O Banco Central (BC) mantém sua postura cautelosa, reconhecendo que a inflação continua acima da meta de 3%”, ressalta Veronese.
Oportunidades na renda fixa
Os investidores estão cada vez mais voltando suas atenções para a renda fixa como alternativa de retorno, uma vez que os títulos do Tesouro Nacional e produtos atrelados à Selic, como CDBs, estão oferecendo rendimentos atrativos. O Copom indiciou que a política monetária deverá ser contracionista por um período prolongado, o que sugere que os investidores podem esperar rendimentos sólidos para suas aplicações no curto e médio prazo.
O cenário atual incentiva a compra de títulos pós-fixados. O economista-chefe da AZ Quest, André Muller, observa que a possibilidade de uma nova elevação da Selic em junho não pode ser descartada. No entanto, muitos especialistas acreditam que o mais prudente é observar os desdobramentos econômicos antes de tomarem novas ações. “O ideal é diversificar a carteira de renda fixa para se proteger contra a volatilidade”, sugere Matheus Xavier, da Ável Investimentos.
Tipos de investimento em renda fixa
Dentre as opções disponíveis, os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são considerados seguros. Eles apresentam rentabilidades próximas à Selic e são garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre investimentos de até R$ 250 mil em caso de problemas com a instituição financeira. Viriato recomenda que investidores busquem bancos estáveis antes de aplicarem seus recursos, especialmente os mais conservadores.
Por outro lado, ao considerar debêntures ou outros títulos de dívida emitidos por empresas, é crucial analisar a capacidade de pagamento dessas companhias, especialmente em um cenário econômico restritivo, onde empresas podem encontrar dificuldades para honrar seus compromissos financeiros.
Fundos de renda fixa: Uma alternativa acessível
Uma alternativa prática para investidores que desejam diversificar mas não têm tempo ou conhecimento para monitorar o mercado, como mencionado anteriormente, são os fundos de renda fixa. Esses fundos são administrados por gestores experientes que buscam maximizar os rendimentos dos investimentos. Em um momento de juros altos, esses fundos podem oferecer excelentes retornos. “Os fundos são uma porta de entrada tranquila e de baixo custo para os investidores”, conclui Xavier.
Por fim, com a Selic em níveis elevados e os riscos econômicos globais ainda presentes, uma abordagem cuidadosa e diversificada se torna essencial na construção de uma carteira de investimentos sólida e rentável.
