Recentemente, a liderança do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados distribuiu um documento elaborado para responder às acusações do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). No vídeo divulgado por Ferreira, o parlamentar critica o governo Lula, alegando que a administração atual não tomou medidas adequadas para investigar descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Conteúdo do documento e estratégia do PT
Intitulado “Desmentido Nikolas Ferreira – INSS”, o documento contém 30 páginas que abordam ponto a ponto as declarações do deputado. A estratégia do partido é fornecer arsenal argumentativo aos parlamentares petistas, preparando-os para um debate de ideias com a oposição. O governo acredita que, ao tratar as críticas como um ataque político, é responsabilidade dos deputados de sua base refutá-las, em vez de emitir uma resposta institucional pela Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom).
Críticas ao governo anterior
Após Ferreira afirmar que o governo Lula tentará culpar a administração de Jair Bolsonaro pelas irregularidades, o documento do PT destaca que muitos dos envolvidos na fraude foram nomeados durante o governo anterior. Segundo o material, há quatro nomes que, segundo as investigações, estavam diretamente relacionados às práticas irregulares no INSS durante a gestão de Bolsonaro.
Narrativa e resposta da ministra
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também se pronunciou nas redes sociais, afirmando que a fraude começou na gestão anterior e que é fundamental buscar a verdade, não as “mentiras oportunistas” de quem não se preocupou em investigar a situação. Ela destacou que a falta de ações durante o governo Bolsonaro permitiu que quadrilhas criassem entidades fantasmas para roubar aposentados, afirmando que a maioria das associações investigadas começou a operar nesse período.
O documento da liderança do PT orienta os parlamentares a questionarem publicamente a inação da Polícia Federal durante o governo passado, que não fez investigações a respeito das fraudes. Gleisi reitera ainda que houve desvio de verbas significativas, com os descontos sob a forma de taxas associativas aumentando consideravelmente nos últimos anos, alcançando uma soma alarmante de R$ 2,6 bilhões em 2023.
Impacto das fraudes e resposta governamental
A Controladoria Geral da União (CGU) revelou que os descontos indevidos no INSS existem desde a década de 1990, mas que tais abusos têm crescido exponecialmente nos últimos anos. Em uma operação realizada pela Polícia Federal e pela CGU, várias irregularidades foram detectadas, mostrando que as investigações estimam que até R$ 6,3 bilhões foram descontados indevidamente entre 2019 e 2024. Entretanto, ainda não está claro qual porcentagem desses valores é referente a descontos ilegítimos.
A operação, que foi autorizada pela Justiça do Distrito Federal, teve um impacto direto, levando à suspensão de todos os acordos que previam descontos nas aposentadorias.
O cenário político se torna cada vez mais acirrado à medida que as investigações avançam e as narrativas são disputadas entre os partidos. Enquanto o PT busca amenizar os danos causados pela crítica de Nikolas Ferreira, o deputado por sua vez, tenta se consolidar como uma figura proeminente na oposição, utilizando a estratégia de comunicação que já lhe rendeu sucesso anteriormente, com vídeos que alcançam milhões de visualizações nas redes sociais.
Assim, a batalha pela narrativa sobre os escândalos de fraude no INSS se intensifica, com cada lado mobilizando recursos e estratégia para fortalecer sua posição perante a opinião pública. A continuidade das investigações e as respostas dos órgãos públicos serão cruciais para determinar a próxima fase deste embate político.
O episódio não apenas ressalta a profunda divisão política no Brasil contemporâneo, como também expõe um tema sensível e essencial: a proteção dos direitos dos aposentados e a fiscalização adequada dos recursos públicos.