No último mês de abril, as exportações brasileiras para os Estados Unidos mostraram um crescimento significativo de 21,9%, mesmo diante das medidas protecionistas adotadas pelo presidente americano, Donald Trump. A balança comercial do Brasil apresentou um superávit de US$ 8,15 bilhões, conforme revelado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Um olhar sobre a balança comercial brasileira em abril
A balança comercial é considerada superavitária quando as exportações superam as importações. Contudo, o resultado de abril deste ano representou uma queda de 3,3% em relação ao mesmo período de 2024, quando o superávit foi de US$ 8,43 bilhões. Essa foi a menor marca para meses de abril desde 2023, que registrou um superávit de US$ 7,95 bilhões.
Nos números absolutos, as exportações em abril totalizaram US$ 30,4 bilhões, o que significa um aumento de 10,3% na média diária. As importações, por outro lado, foram de US$ 22,3 bilhões, com um crescimento de 11,8% na média por dia útil.
O impacto do tarifaço de Trump
O aumento das exportações brasileiras ocorre em meio ao tarifaço imposto por Trump, que, desde março, introduziu uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio. Além disso, em abril, tarifas adicionais foram aplicadas a produtos importados de vários países, mas as tarifas sobre os produtos brasileiros foram fixadas em 10%. Em contraste, produtos da União Europeia enfrentam taxas de até 20%, enquanto a China sofre tarifas que poderão chegar a 145%, resultando em retaliações comerciais.
De acordo com especialistas em relações internacionais, o Brasil conseguiu uma “certa vantagem” no contexto do tarifaço, apresentando resultados não tão devastadores quanto se esperava. O aumento das exportações para os Estados Unidos foi de US$ 3,57 bilhões, contra US$ 2,93 bilhões no mesmo mês do ano anterior.
Desempenho das exportações nos quatro primeiros meses de 2025
No acumulado do ano, a balança comercial apresentou um superávit de US$ 17,73 bilhões, reduzindo 34,2% em comparação com os US$ 26,92 bilhões do ano passado. As exportações totalizaram US$ 107,3 bilhões, um incremento de 1,8%, enquanto as importações somaram US$ 89,58 bilhões, uma alta de 13,2% no mesmo período.
Entre os produtos mais exportados em abril, destacaram-se a soja (US$ 5,9 bilhões, -6,1%), os óleos brutos de petróleo (US$ 4,5 bilhões, -0,2%) e o minério de ferro (US$ 2,07 bilhões, -14,3%). No entanto, o café não torrado e a carne bovina tiveram um desempenho positivo, com aumentos de 36,3% e 29,1%, respectivamente.
Aquecimento da balança comercial
O aumento de 21,9% nas exportações para os Estados Unidos também foi acompanhado por um crescimento de 14% nas importações de produtos norte-americanos. Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, é necessário um certo tempo para que os impactos das tarifas se manifestem na balança comercial. Ele acredita que a alta nas importações está mais relacionada à demanda do mercado americano do que às tarifas impostas.
Consequências das mudanças nas tarifas e commodities
Além disso, o governo brasileiro está analisando o impacto das tarifas sobre os preços das commodities, que já começaram a sofrer quedas. O Ministério do Desenvolvimento indicou que a revisão das projeções de exportações e importações será feita em julho, dependendo da persistência das quedas nos preços das commodities.
Com a volatilidade nas negociações internacionais e as incertezas em relação às políticas comerciais dos Estados Unidos, o Brasil se vê em um cenário delicado, mas com oportunidades para atender à demanda externa.
Como um dos principais players do comércio mundial, o Brasil continuará a monitorar de perto esses desenvolvimentos para ajustar suas estratégias comerciais conforme necessário. A balança comercial poderá refletir mais das condições globais e das reações dos mercados à medida que essas políticas evoluem.