A inclusão dos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) na vida social e no mercado de trabalho é uma das principais estratégias de reabilitação psicossocial promovidas pela saúde mental. Em Teresina, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) está à frente dessa iniciativa por meio do Grupo de Trabalho e Renda (GTR), que tem como objetivo possibilitar a inclusão dessas pessoas no mercado formal e informal de trabalho. Hoje, cerca de 56 usuários dos CAPS estão inseridos no mercado de trabalho local, mostrando que a reabilitação é mais do que uma meta, é uma realidade que transforma vidas.
A importância da inclusão no trabalho
Os usuários dos CAPS enfrentam desafios decorrentes de transtornos mentais que, embora possam deixar sequelas, não os incapacitam de trabalhar e levar uma vida produtiva. O GTR, que foi criado pela Gerência de Saúde Mental da FMS em 2018, conta com a colaboração de profissionais de todos os CAPS da cidade. Através deste grupo, são identificados usuários que têm potencial para o mercado de trabalho, estimulando-os a desenvolver suas habilidades e talentos. Os usuários têm a oportunidade de assumir postos formais no mercado de trabalho ou até mesmo comercializar produtos que eles mesmos produzem.
Histórias de superação
Um exemplo inspirador é o de Francisca Daiana, que, acompanhada pelo CAPS Norte, conseguiu uma vaga como vendedora na loja Paraíba. Em seu relato, Francisca destacou a mudança radical em sua vida: “Antes de trabalhar, eu não via perspectivas para minha vida. Hoje tudo mudou 100%. Sou feliz, acordo cedo para trabalhar e passo o dia ocupada. Tenho minha renda, ganhei autonomia e dignidade”, compartilha emocionada.
Parcerias e acompanhamento
A gerente de saúde mental da FMS, Luanna Bueno, ressalta a importância do papel do GTR na reabilitação dos usuários. “Os profissionais dos CAPS avaliam e emitem laudos indicando quando os usuários estão aptos ao trabalho, que continuam recebendo acompanhamento durante o processo. Em seguida, buscamos parcerias com empresas locais para viabilizar contratações, utilizando a lei de cotas para pessoas com deficiência psicossocial”, explica. Esta abordagem não apenas garante a inclusão, mas também promove um ambiente de empoderamento e dignidade.
Quebrando tabus e promovendo oportunidades
Anna Klícia, assistente social que faz parte do GTR na FMS, ressalta a importância de desfazer preconceitos em relação aos usuários dos CAPS. “É preciso oportunizar aos usuários, que possuem o perfil adequado, o ingresso no mundo do trabalho, de forma que isso possa representar uma mudança positiva em suas vidas. Queremos seguir avançando nessa proposta de reabilitação psicossocial, fortalecendo a parceria com as empresas, instituições apoiadoras e profissionais de saúde dos CAPS”, afirma Anna.
Como a Lei de Cotas favorece a inclusão
A Lei 8.213/91, conhecida como Lei de Cotas, exige que empresas com 100 ou mais funcionários reservem de 2% a 5% de suas vagas para beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência. A deficiência psicossocial, reconhecida internacionalmente como deficiência desde 2006, ganhou respaldo no Brasil com a ratificação pelo Congresso e se tornou uma emenda constitucional pela promulgação do Decreto 6.949/09. Essa legislação não só dá suporte à inclusão no mercado de trabalho, mas também é um passo fundamental para a promoção da igualdade e a diminuição dos estigmas associados às pessoas com transtornos mentais.
A inclusão dos usuários dos CAPS no mercado de trabalho é um exemplo de que, com o suporte adequado, é possível transformar vidas e proporcionar oportunidades que antes pareciam distantes. A FMS, através do GTR, continua a trabalhar para garantir que esses brasileiros tenham a chance de serem protagonistas de suas próprias histórias.
Considerando esses avanços, é essencial continuar promovendo um ambiente de acolhimento e oportunidades, onde todos possam ter acesso ao mercado de trabalho e à dignidade que ele proporciona. Com iniciativas como essa, a luta por igualdade e inclusão social se torna cada vez mais efetiva.