Apesar da relação próxima com Elon Musk, o ex-presidente Donald Trump interveio pessoalmente para impedir a participação do bilionário em uma reunião ultrassecreta do Pentágono sobre a China. Segundo fontes ouvidas pelo site Axios, Trump questionou diretamente: “O que diabos o Elon está fazendo lá? Certifiquem-se de que ele não vá”.
A decisão teria sido motivada pelos extensos vínculos comerciais de Musk com o governo chinês, gerando receios de que sua presença em briefings sensíveis represente um risco à segurança nacional dos Estados Unidos.
Musk e os negócios com a China: o que preocupa o governo
A Tesla, empresa de Musk, opera uma gigantesca fábrica em Xangai que responde por quase metade da produção global da montadora. A unidade chinesa se beneficia de benefícios fiscais, empréstimos subsidiados por bancos estatais e apoio regulatório do Partido Comunista Chinês. Musk, inclusive, já se reuniu com líderes do regime, como o premiê Li Qiang, para discutir interesses comerciais.
Além disso, há suspeitas de que investidores chineses tenham usado empresas offshore nas Ilhas Cayman para adquirir participação em companhias como SpaceX, Neuralink e xAI — também lideradas por Musk — no valor total de US$ 30 milhões nos últimos dois anos.
O senador Ron Wyden, membro sênior do Comitê de Finanças, alertou que esses vínculos “criam conflitos de interesse que tornam seu acesso a sistemas governamentais um risco à segurança nacional”.
Trump barra Musk e impõe limites à influência na China
Embora Musk exerça forte influência na administração Trump — sendo conselheiro informal e doador relevante — a Casa Branca reconheceu que sua relação com a China representa uma “linha vermelha”. Um assessor do Pentágono afirmou que “o presidente ainda gosta muito do Elon, mas os negócios na China são um limite claro”.
Trump, por sua vez, disse que “talvez [Musk] fosse suscetível” por seus interesses no país asiático.
Pentágono investiga vazamentos sobre reunião com Musk
O episódio também abriu uma nova frente de crise: o vazamento da reunião de Musk ao jornal The New York Times levou o Departamento de Defesa a abrir uma investigação interna. O chefe de gabinete de Pete Hegseth, secretário de Defesa, autorizou o uso de polígrafo para identificar a fonte do vazamento.
Dois altos funcionários do Pentágono foram colocados em licença e escoltados para fora do prédio após suspeitas de envolvimento no vazamento, que também expôs outras informações sigilosas, como movimentações militares no Mar Vermelho e operações no Canal do Panamá.
Musk reagiu no X, antiga plataforma Twitter, ameaçando os envolvidos: “Aguardo ansiosamente as acusações contra aqueles no Pentágono que estão vazando informações maliciosamente falsas para o NYT. Eles serão encontrados.”