A Embrapa, a ABC e o IICA firmaram uma parceria estratégica para impulsionar o desenvolvimento agrário, trazendo pesquisadores africanos ao Brasil. O intercâmbio busca fortalecer a cooperação técnica com os 55 países africanos, priorizando a segurança alimentar. Além disso, a iniciativa promoverá práticas agrícolas sustentáveis, compartilhando conhecimentos e tecnologias inovadoras. Com isso, espera-se ampliar a produtividade e a resiliência do setor agrícola nos países envolvidos.
Objetivos do intercâmbio com os pesquisadores africanos
Na cerimônia realizada nesta quarta-feira (19), as três instituições assinaram uma carta de intenções destinada a facilitar o intercâmbio de especialistas. A iniciativa se propõe a trazer ao menos 30 pesquisadores provenientes de institutos científicos, universidades e órgãos governamentais africanos, com intuito de enriquecer o conhecimento sobre práticas agrícolas mais eficazes e sustentáveis.
As áreas de enfoque da pesquisa incluem a agricultura regenerativa, que busca a preservação dos recursos naturais; a segurança alimentar e nutricional, com o objetivo de garantir acesso a alimentos saudáveis; e a recuperação de áreas degradadas, uma questão crucial para a sustentabilidade dos agrossistemas produtivos no continente.
“As instituições que participaram do seminário também se comprometem a identificar, formular e implementar iniciativas conjuntas, atendendo às necessidades e demandas dos países cooperantes”, informou um representante da Embrapa.
Seminário internacional em Brasília
A assinatura da carta ocorreu durante o seminário Diálogo África-Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Agropecuária, realizado na sede da Embrapa, em Brasília, e transmitido ao vivo pelo canal do IICA Brasil no Youtube. O encontro contou com a presença de membros do governo federal, embaixadores africanos, e do renomado cientista indiano Rattan Lal, vencedor do Nobel da Paz e do Prêmio Mundial de Alimentação, que destacou os desafios que a produção agrícola enfrenta no continente africano.
O seminário também serve como evento preparatório para a reunião que ocorrerá em maio, onde ministros da Agricultura de diversos países africanos virão a Brasília para discutir maneiras de aumentar a produtividade agropecuária no continente.
Desafios da agricultura africana
“Vamos fazer uma reunião para mostrar o que temos de bom no Brasil e transferir um pouco de conhecimento para combater a fome de verdade”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A África possui aproximadamente 65% das terras aráveis não cultivadas e cerca de 10% dos recursos renováveis de água do planeta. Apesar desse potencial, a região ainda importa uma grande parte dos alimentos necessários para alimentar sua população. Segundo dados do Banco Africano de Desenvolvimento, o setor agrícola abrange mais de 60% da força de trabalho na região e representa cerca de um terço do PIB, mas enfrenta a maior insegurança alimentar do mundo.
O papel do Brasil na cooperação internacional
De acordo com o secretário de comércio e relações internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, o seminário representa uma oportunidade significativa para que governo, instituições e especialistas debatem a troca de conhecimentos e informações antes da reunião com os ministros da Agricultura. Além disso, a aproximação do governo Lula com o continente africano visa implementar um esforço colaborativo para o desenvolvimento agrícola.
“Depois de um intervalo de anos, teremos uma nova reunião de ministros da Agricultura. Esperamos que todos os 54 ministros estejam presentes para que possamos ter esse diálogo”, afirmou Rua.
O embaixador Laudemar Gonçalves de Aguiar Neto do Ministério das Relações Exteriores ressaltou que o intercâmbio busca também aprender com as diversas experiências e práticas africanas, enfatizando uma cooperação horizontal em vez de uma abordagem imposta.
A importância da tecnologia agrícola
A presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, afirmando que os investimentos em ciência e tecnologia foram fundamentais para o desenvolvimento de um modelo agropecuário tropical reconhecido mundialmente, enfatizou o potencial de replicação desse modelo em outras regiões. Segundo ela, a aposta em ciência e tecnologia é fundamental para garantir a segurança alimentar global.
“Com as conquistas do Brasil no setor agropecuário, queremos além de compartilhar nosso conhecimento, expandir o desenvolvimento conjunto com os países do sul global”, declarou Sílvia.
Por fim, o diretor-geral do IICA, Manuel Otero, destacou que a parceria com a Embrapa e a ABC levará tecnologias adaptadas às realidades tropicais, podendo ser aplicadas com sucesso em diversas nações africanas.
A colaboração entre o Brasil e a África no setor agrícola pode ser um passo vital para enfrentar a insegurança alimentar e promover um desenvolvimento sustentável e inclusivo.
Agência Brasileira de Cooperação (ABC)
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA)
