Os papéis da Natura (NTCO3) registraram uma queda expressiva de até 28% na manhã da última sexta-feira (14) na Bolsa de Valores, reduzindo o valor de mercado da empresa em cerca de R$ 5 bilhões. O tombo ocorreu após a divulgação dos resultados financeiros da companhia e representa a maior desvalorização do Ibovespa, principal índice da B3.

Contexto das resultados financeiros da Natura
Apesar da queda expressiva das ações, o Ibovespa operava em alta no mesmo período, com ganhos de 1,16% às 11h10. A Natura, por sua vez, apresentou uma redução significativa no seu prejuízo em comparação ao quarto trimestre de 2023, caindo para R$ 438,3 milhões, em relação a R$ 2,7 bilhões no mesmo período do ano anterior. Entretanto, o resultado anual continua negativo, somando R$ 8,9 bilhões.
Fatores que impactaram os resultados
Os analistas atribuem a queda das ações ao aumento nos custos operacionais e de transformação, que superaram as expectativas. Além disso, os resultados financeiros foram pressionados por gastos associados à Avon International, uma empresa que está passando por um processo de recuperação judicial nos Estados Unidos, conhecido como Chapter 11. A Natura acabou arcando com um impacto negativo de R$ 450 milhões em seu caixa devido ao suporte necessário para a operação da Avon’s.
Para os analistas da Ativa Investimentos, os resultados foram afetados por custos altos de integração e os gastos relacionados ao processo judicial da Avon. Embora a receita tenha ficado em linha com as estimativas, atingindo R$ 7,4 bilhões no último trimestre, a pressão sobre a rentabilidade da empresa continua a ser uma preocupação.
Expectativas futuras e análise do mercado
Tiago Cunha, da ACE Capital, declarou que os resultados da Natura foram frustrantes em relação às expectativas do mercado. Ele aponta que parte do resultado pode ser atribuída a efeitos contábeis relacionados às operações da empresa na Argentina, indicando incertezas. Além disso, a ausência de orientações futuras (guidance) por parte da Natura levanta questionamentos sobre se os problemas atuais são temporários ou se poderão persistir nos próximos trimestres.
O mercado especula que, para a Natura se reerguer e estabilizar seus preços, será necessário implementar uma estratégia robusta para lidar com os desafios de custo e para restaurar a confiança dos investidores. A pressão econômica global e as mudanças no comportamento do consumidor também são fatores que podem influenciar o desempenho da empresa a curto e médio prazo.
Enquanto a Natura busca entender e ajustar suas operações, investidores e analistas permanecerão atentos aos próximos passos da companhia e às suas estratégias para mitigar as dificuldades financeiras atuais. O cenário continua volátil, e as próximas divulgações de resultados serão cruciais para definir o futuro das ações da empresa no mercado.