O diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou nesta sexta-feira (7) que a desaceleração da economia é necessária para reduzir a inflação e trazer os preços de volta às metas estabelecidas. A declaração foi feita durante uma conferência organizada pelo Banco de Portugal, em Lisboa.
“Temos que desacelerar um pouco a economia. O PIB veio um pouco mais fraco do que o esperado. Há sinais de moderação da atividade econômica”, afirmou Guillen. Os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 3,4% em 2024, o maior avanço em três anos. No entanto, o crescimento no último trimestre foi de apenas 0,2%, sugerindo uma desaceleração no ritmo da economia.
Inflação alta e juros em níveis recordes
A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou 2024 em 4,83%, acima do teto de 4,5% do sistema de metas. Para conter a alta dos preços, o Banco Central tem utilizado como principal ferramenta a taxa básica de juros, a Selic, que subiu sucessivamente nos últimos meses.
Em janeiro, a taxa chegou a 13,25% ao ano, consolidando-se como uma das mais altas do mundo. O Banco Central já sinalizou que poderá elevar ainda mais os juros em março, para 14,25% ao ano. Segundo a instituição, fatores como um mercado de trabalho aquecido, o aumento dos gastos públicos e o cenário internacional pressionam o dólar e dificultam o controle da inflação.
Governo federal critica estratégia do BC
Apesar da estratégia do Banco Central, a política de juros altos tem sido alvo de críticas dentro do governo federal. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, chegou a classificar a elevação da taxa como uma “imbecilidade”, argumentando que a melhor forma de conter a inflação seria por meio do aumento da produção e não da retração econômica.
“Temos que produzir mais para controlar a inflação. Se inibe crédito e sobe juros, inibe o investimento. Não existe isso de conter a inflação só pela demanda. Essa é a minha visão. Tenho que pedir juízo ao BC. Não podemos sinalizar com aumento de juros”, declarou o ministro.
A divergência entre o Banco Central e o governo federal reforça o debate sobre os caminhos da política econômica brasileira, enquanto o país busca equilibrar crescimento e estabilidade financeira.