Brasil, 15 de março de 2025
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Mais da metade da população global deve ter sobrepeso até 2050

Estudo revela que até 3,8 bilhões de adultos viverão com sobrepeso ou obesidade até 2050, alertando para uma crise de saúde global.
Crise da obesidade se torna uma característica predominante em nosso cotidiano. Foto: Divulgação/Diário do Povo

Um novo estudo publicado no periódico científico The Lancet traz alarmantes previsões sobre a saúde global: até 2050, mais da metade da população adulta mundial — o que equivale a 3,8 bilhões de pessoas — e aproximadamente um terço das crianças e adolescentes — cerca de 746 milhões — viverão com sobrepeso ou obesidade. Essa tendência representa uma significativa ameaça à saúde em níveis local, nacional e global, com implicações diretas para o aumento da mortalidade prematura e o surgimento de doenças crônicas.

O crescimento da crise da obesidade

A análise, conduzida pelos colaboradores do Global Burden of Disease Study BMI, identifica grandes falhas na resposta global à crescente crise de obesidade observada nas últimas três décadas. Os números são expressivos: o total de adultos com sobrepeso e obesidade saltou de 731 milhões e 198 milhões, respectivamente, em 1990, para 2,11 bilhões e 493 milhões em 2021. O estudo estima um aumento de 121% na obesidade entre crianças e adolescentes em todo o mundo, prevendo que até 2050, 360 milhões de jovens estarão nessas condições, um acréscimo de 186 milhões em apenas uma década.

“A epidemia global sem precedentes de sobrepeso e obesidade é uma tragédia profunda e uma falha social monumental”, afirma a professora Emmanuela Gakidou, autora principal do estudo e membro do Institute for Health Metrics and Evaluation da Universidade de Washington.

Implicações do aumento da obesidade

O estudo se concentrou na prevalência de sobrepeso e obesidade em diversas faixas etárias e regiões do mundo, utilizando dados coletados entre 1990 e 2021, com previsões para 2050. As definições de sobrepeso e obesidade foram baseadas no Índice de Massa Corporal (IMC), que é um padrão comum para monitorar as tendências globais de saúde. Observou-se que, para adultos com 25 anos ou mais, o sobrepeso é definido como um IMC entre 25 e 30, enquanto uma condição de obesidade é identificada com um IMC superior a 30.

60% dos adultos no mundo devem ter sobrepeso ou obesidade

Com base nas tendências atuais, estima-se que até 2050, cerca de 60% dos homens e 60% das mulheres adultas no mundo estarão com sobrepeso ou obesidade. Mulheres adultas passarão de 46,7% para 60,3%, enquanto, entre os homens, a porcentagem aumentará de 43,4% para 57,4%. Os países da Ásia e da África Subsaariana devem registrar os maiores aumentos devido ao crescimento populacional.

A previsão é de que, em 2050, 1,69 bilhão de adultos adicionais terão sobrepeso ou obesidade, totalizando 3,8 bilhões, dos quais 1,95 bilhão estarão na condição de obesidade. China, Índia e EUA continuam sendo os países com maior número de casos, mas o aumento na África Subsaariana é especialmente alarmante, com um crescimento projetado de mais de 250% até 2050.

Pesquisa entre em jovens

A análise também revela um cenário preocupante entre os jovens. Em 2021, 493 milhões de jovens de 5 a 24 anos estavam com sobrepeso ou obesidade, número que deve continuar crescendo. Estima-se que cerca de um em cada três jovens viverá com sobrepeso ou obesidade até 2050, o que representa um aumento significativo nas taxas observadas em anos anteriores.

As mudanças na prevalência dos tipos de peso também são notáveis. A obesidade em jovens de 5 a 14 anos deve ser mais prevalente que o sobrepeso até 2050, e ao longo da próxima década, as taxas de obesidade devem crescer substancialmente, principalmente entre aqueles em regiões da América Latina, da África do Norte e do Oriente Médio.

Ações necessárias para conter a obesidade

Diante desse quadro alarmante, os autores do estudo pedem a implementação de planos de ação com o foco claro em intervenções direcionadas à saúde pública. A urgência de novas políticas para combater a obesidade é uma prioridade máxima, que vai além de campanhas de conscientização, mas que deve envolver um compromisso político efetivo. “Se agirmos agora, ainda é possível evitar uma transição completa para a obesidade global para crianças e adolescentes”, enfatiza Jessica Kerr, coautora principal do estudo.

O estudo ressalta que é fundamental estabelecer intervenções abrangentes adaptadas a circunstâncias específicas. Assim, a mobilização de esforços globais e locais pode ser um caminho viável para reverter essas tendências preocupantes. As recomendações incluem aprimoramento da nutrição, aumento da atividade física e criação de ambientes propícios à saúde.

Este estudo nos convoca a pensar em estratégias mais eficazes para melhorar a qualidade de vida das gerações futuras e garantir que a crise da obesidade não se torne uma característica predominante em nosso cotidiano, mostrando que a saúde pública é uma responsabilidade coletiva.

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