O Oscar, a premiação mais prestigiada do cinema mundial, tem uma longa relação com o Brasil, marcada por indicações históricas, quase-vitórias e um reconhecimento crescente da produção cinematográfica nacional. Desde 1945, quando Ary Barroso foi indicado na categoria de Melhor Canção Original, o país tem acumulado 22 nomeações, mas ainda aguarda sua primeira estatueta. No Oscar 2025, a expectativa se renovou com Ainda Estou Aqui, primeiro filme brasileiro indicado a Melhor Filme.
O início da jornada brasileira no Oscar
A primeira participação do Brasil na premiação ocorreu em 1945, quando Ary Barroso foi indicado por “Rio de Janeiro”, canção do filme Brazil. Porém, foi apenas em 1963 que um filme brasileiro chegou à disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional: O Pagador de Promessas, dirigido por Anselmo Duarte.
Desde então, outras produções nacionais conseguiram destaque. Central do Brasil (1999) concorreu tanto a Melhor Filme Internacional quanto a Melhor Atriz, com Fernanda Montenegro, tornando-se um dos momentos mais marcantes da história do Brasil no Oscar. Já Cidade de Deus (2004) foi indicado a quatro categorias, incluindo Melhor Diretor para Fernando Meirelles, reforçando o impacto do cinema nacional.
Brasil na América Latina
Apesar de seu prestígio crescente, o Brasil ainda está atrás de vizinhos latino-americanos no Oscar. O México lidera a lista com nove indicações a Melhor Filme Internacional, seguido pela Argentina (oito) e pelo Brasil (cinco). Enquanto o Brasil continua buscando sua primeira vitória, a Argentina já levou duas estatuetas, e o Chile venceu uma vez.
Mesmo sem troféus, o impacto das nomeações brasileiras foi significativo. Filmes como Central do Brasil e Cidade de Deus expandiram a visibilidade do cinema nacional no exterior, influenciando cineastas globais e sendo referências para novas gerações.
Oscar 2025: um novo marco na história do cinema brasileira
Neste ano, o Brasil alcançou um feito inédito: o filme Ainda Estou Aqui tornou-se o primeiro sul-americano indicado à categoria de Melhor Filme. Além disso, concorre a Melhor Fotografia, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres – que segue os passos de sua mãe, Fernanda Montenegro, indicada há 26 anos.

A presença de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025 reacende as esperanças de que o Brasil finalmente conquiste sua primeira estatueta. O impacto da nomeação já é evidente, gerando discussões sobre o crescimento e reconhecimento da produção cinematográfica brasileira em um mercado historicamente dominado por produções de língua inglesa.
O futuro do Brasil no Oscar
Embora o Brasil ainda não tenha vencido um Oscar, sua trajetória na premiação demonstra um avanço contínuo. O reconhecimento de filmes nacionais e a presença crescente no cenário internacional mostram que o país tem potencial para, em breve, quebrar essa barreira.
Com o sucesso de Ainda Estou Aqui e a consolidação do cinema brasileiro no exterior, o país segue firme na busca por sua primeira vitória, mantendo viva a esperança de que o Oscar finalmente chegue às mãos de uma produção nacional. 🎥🏆
O compositor brasileiro que levou “Rio de Janeiro” ao Oscar

Ary de Resende Barroso foi um dos maiores compositores da música brasileira, deixando um legado que atravessou fronteiras e marcou o cinema mundial. Pianista, radialista e autor de canções icônicas, ele se destacou internacionalmente ao ter sua música “Rio de Janeiro” no Filme Aquarela do Brazil (ou simplesmente Brazil) incluída em filmes da Disney e por se tornar o primeiro brasileiro indicado ao Oscar.
Início da trajetória
Nascido em 7 de novembro de 1903, Ary Barroso ficou órfão aos sete anos e foi criado por sua avó e sua tia. Foi ela quem o incentivou a estudar piano a partir dos 10 anos, e seu talento rapidamente se destacou. Aos 12 anos, já acompanhava filmes mudos ao piano em cinemas locais.
Mesmo formado em Direito em 1929, Barroso seguiu a música como carreira. Nesse mesmo ano, lançou suas primeiras composições, como “Vou à Penha” e “Vamos deixar de intimidades”, ambas gravadas por Mário Reis. No ano seguinte, venceu seu primeiro prêmio na categoria “Músicas de Carnaval”, promovido pela gravadora Casa Edison.
O sucesso de “Aquarela do Brasil” e o reconhecimento internacional
Além de “Rio de Janerio”, em 1939, Ary Barroso compôs “Aquarela do Brasil”, que se tornaria uma das músicas brasileiras mais conhecidas no mundo. A canção ganhou notoriedade ao ser incluída no filme Saludos Amigos (1942), da Disney, e posteriormente em The Three Caballeros (1944).
A repercussão foi tão grande que levou Barroso a uma indicação ao Oscar em 1945, na categoria de Melhor Trilha Sonora pelo filme Brazil. Ele se tornou o primeiro brasileiro indicado à premiação, um marco para a música e o cinema nacional. Apesar de não ter vencido, recebeu um Prêmio de Mérito da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas pelo impacto de seu trabalho.

Legado e últimos anos
Ao longo da carreira, Ary Barroso teve suas músicas interpretadas por grandes artistas, como Carmen Miranda e João Gilberto, e apresentou diversos programas de rádio, ampliando sua influência na cultura brasileira. Em 1955, recebeu a Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria concedida pelo governo brasileiro.
Em 1961, foi diagnosticado com cirrose hepática e faleceu em 9 de fevereiro de 1964. Seu legado permanece vivo, com “Aquarela do Brasil” figurando entre as músicas mais gravadas da história e sendo um símbolo da identidade musical brasileira no mundo. 🎵✨