Brasília – Os políticos intensificam as articulações com a proximidade das eleições. Foi nesse contexto que o senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas, fez um alerta público ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo ele, a estratégia de Bolsonaro de se apresentar como candidato, mesmo diante de sua inelegibilidade, poderá exigir que um de seus filhos, o senador Flávio ou o deputado Eduardo, seja o novo candidato a enfrentar Lula (PT) nas próximas eleições.
O alerta de Ciro Nogueira surge em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dá sinais claros de enfraquecimento político e eleitoral. A cada dia, ele se torna um adversário menos competitivo, e a esquerda, até agora, não apresenta um nome capaz de substituí-lo.
Enquanto isso, na direita, a ausência de posicionamento de Bolsonaro abre espaço para novas lideranças. Sem um nome respaldado pelo ex-presidente, figuras independentes como o cantor Gusttavo Lima começam a ser cogitadas. No entanto, quem mais se fortalece nesse cenário é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o mais experiente e longevo representante da direita brasileira na atualidade.

Para Ciro Nogueira, a decisão é urgente
Ciro Nogueira destacou que, para que os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos) de São Paulo ou Ratinho Júnior (PSD) do Paraná se tornem alternativas viáveis, é fundamental que Bolsonaro tome uma decisão sobre seu apoio ainda este ano. Durante um seminário do banco BTG Pactual, o senador reafirmou que a definição do candidato é responsabilidade do ex-presidente e que isso precisa ser resolvido rapidamente.
“Se ele insistir no próximo ano, quem vai ser candidato é ele ou um dos seus filhos”, afirmou Ciro.
O posicionamento de Tarcísio
Tarcísio de Freitas, embora negue publicamente suas intenções de se candidatar à presidência em 2026, enfrenta pressão de diversos setores políticos e do mercado financeiro, especialmente diante da alta desaprovação ao governo atual. Ciro Nogueira observa que se Tarcísio se apresentar sem o aval de Bolsonaro, isso poderia ser um desastre para qualquer candidatura da direita. “O Tarcísio só é governador de São Paulo por conta do apoio de Bolsonaro”, disse Nogueira, reforçando a importância da lealdade política.
A gratidão e o respeito ao ex-presidente
O senador enfatizou que a gratidão deve ser valorizada por aqueles que receberam apoio político e alertou que uma candidatura independente de Tarcísio, sem Bolsonaro, seria encarada como uma traição. “Isso aí seria fatal”, afirmou, destacando que a lealdade ao ex-presidente é essencial para qualquer futuro político na direita.
Desafios legais para Bolsonaro
Com a eleição se aproximando, Bolsonaro enfrenta um desafio com uma denúncia do Ministério Público, que o acusa de liderar uma tentativa de golpe de Estado após a última eleição. Se a acusação for aceita, o ex-presidente poderá se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crimes como organização criminosa e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito.
Esse cenário torna ainda mais complexa a situação política de Bolsonaro e sua possibilidade de articulação para 2026. O ex-presidente, em entrevistas recentes, mantém sua candidatura em aberto, afirmando que “só eu morto vão saber outro candidato” e reiterando que seu nome continua em primeira linha. Essa postura, no entanto, implica em dificuldades legais que podem barrar seu registro de candidatura, forçando-o a indicar outro nome.
A opinião de aliados e a crítica das denúncias
Por outro lado, governadores aliados, como Tarcísio, têm saído em defesa de Bolsonaro. Recentemente, Tarcísio declarou que a denúncia contra o ex-presidente “não faz sentido nenhum” e criticou a ideia de revanchismo político. Essas declarações refletem não apenas a polarização do debate político, mas também a importância do apoio partidário e das alianças para as eleições que se aproximam.
Ciro Nogueira já havia se manifestado sobre a possibilidade de Flávio e Eduardo serem candidatos, ressaltando que cada um deles representa uma continuação do legado bolsonarista. “Gostaria de votar em um Bolsonaro”, declarou, indicando que, independentemente do cenário, a figura da família Bolsonaro vai pesar muito no cenário eleitoral de 2026.