Brasília – O Ministério das Relações Exteriores do Brasil, sob a liderança do chanceler Mauro Vieira, está considerando uma resposta oficial à recente postagem do governo americano, que menciona o Brasil e criticamente alude ao ministro Alexandre de Moraes e ao Supremo Tribunal Federal (STF). A situação gerou discussões no Itamaraty, que tende a reagir publicamente a essa declaração.
A crítica do governo dos EUA
A manifestação em questão provém de um órgão vinculado ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, que fez uma observação direta sobre o bloqueio de redes sociais americanas por autoridades brasileiras. Embora o texto não mencione Moraes diretamente, ele faz alusão a uma decisão do ministro do STF sobre a plataforma Rumble, uma rede social que tem se tornado popular entre usuários conservadores.
A Embaixada dos EUA no Brasil publicou a mensagem em português na rede social X, destacando que “o respeito pela soberania é uma via de mão dupla” e enfatizando que “bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA” contradiz os valores democráticos, como a liberdade de expressão. Esta é a primeira vez que um órgão oficial americano se manifesta sobre a questão.
Consequências políticas e lobby nos EUA
A crítica se insere em um contexto mais amplo de tensão política, que remonta à eleição de Donald Trump em novembro. O governo americano enfrenta um lobby ativo da família Bolsonaro e outros grupos que solicitam retaliações às decisões do STF sobre a liberdade de expressão em território brasileiro.
A batalha judicial envolvendo o Rumble
A plataforma Rumble, lançada em 2013, vem se tornando um espaço de expressão para conservadores nos Estados Unidos e possui uma postura clara de “proteger uma internet livre e aberta”. Neste cenário, a empresa iniciou um processo judicial contra o ministro Alexandre de Moraes, buscando anular ordens que limitam suas operações no Brasil. O processo foi movido em conjunto com o Trump Media & Technology Group, organização associada ao ex-presidente Donald Trump, que alegou que as restrições de Moraes vão contra a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, a qual protege a liberdade de expressão.
Um aspecto importante a ser destacado é que, embora o Trump Media & Technology Group não esteja diretamente sujeito às decisões do STF, a entidade argumenta que as ordens brasileiras têm impactos diretos sobre suas operações, colocando em xeque a liberdade de expressão em um contexto internacional. A Justiça americana, por sua vez, negou um pedido preliminar do grupo sem abordar o conteúdo do processo, apontando falhas na documentação e questões de jurisdição.
A questão do jornalista Allan dos Santos
O cerne da disputa inclui a análise do bloqueio de usuários no Rumble, onde um nome tem sido particularmente destacado: Allan dos Santos, um jornalista pró-Bolsonaro atualmente considerado foragido no Brasil. Moraes emitiu informações que levam à prisão de Santos, gerando uma situação tensa e polêmica que reverbera tanto no Brasil quanto no exterior.
Com a recente crítica do governo americano e as ações judiciais em andamento, a intersecção entre políticas internas e externas se complica, e o governo brasileiro agora navega por um mar de pressões tanto internas quanto externas.
A situação torna-se um teste para as relações futuras entre Brasil e Estados Unidos.