Os Correios, empresa estatal brasileira responsável pela entrega de correspondências e encomendas, divulgou sua previsão orçamentária para 2026, que aponta um cenário desafiador com uma expectativa de déficit. A previsão, publicada no Diário Oficial da União, indica um aumento significativo nas despesas e uma queda acentuada nas receitas, resultando em um cenário financeiro complicado para a estatal.
Queda nas receitas e aumento nas despesas
De acordo com a previsão, as despesas dos Correios deverão aumentar em 21%, enquanto as receitas deverão sofrer uma queda de 26%. Para o próximo ano, a empresa projeta arrecadar R$ 17,7 bilhões, um valor R$ 6,3 bilhões menor do que o estipulado para 2025, quando a expectativa era de R$ 24 bilhões em receitas.
No balanço mais recente, referente a setembro, foi destacado que os Correios registraram apenas R$ 12,3 bilhões em receitas, equivalente a 60% do que era esperado. Para fechar o ano de forma equilibrada, a estatal precisa arrecadar aproximadamente R$ 8 bilhões nos três últimos meses de 2025.
Em contrapartida, as despesas totais devem chegar a R$ 29 bilhões, com um aumento significativo de R$ 5 bilhões em relação a 2025. A despesa com pessoal, um dos principais responsáveis por esse aumento, deve crescer 10,5%, passando de R$ 14,2 bilhões para R$ 15,7 bilhões. A implementação do Plano de Demissão Voluntária (PDV), que planeja o desligamento de 15 mil funcionários, pode ser um fator que contribui para a pressão nas despesas.
Entenda a situação dos Correios
A crise enfrentada pelos Correios é resultado de um acúmulo de desequilíbrios ao longo dos últimos anos. A empresa tem visto uma queda nas receitas em suas áreas tradicionais, enquanto enfrenta um aumento nos custos operacionais e desafios logísticos. Apesar do crescimento do e-commerce ter contribuído para a demanda em alguns segmentos, esse crescimento não foi suficiente para compensar as falhas estruturais e os investimentos que não foram realizados, além da crescente concorrência privada no setor.
Buscando uma saída para essa difícil situação, os Correios apresentaram um ambicioso plano de reestruturação em três fases. A primeira fase visa recuperar a liquidez da empresa, com a aquisição de um empréstimo de R$ 12 bilhões firmado com instituições financeiras como Bradesco, Itaú, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Cada um dos três primeiros bancos contribuirá com R$ 3 bilhões, enquanto os outros dois investiram R$ 1,5 bilhão cada.
As fases do plano de reestruturação
A segunda fase do plano, programada para 2026 e 2027, incluirá uma ampla reorganização e modernização da companhia. Dentre as medidas a serem implementadas estão o PDV de 15 mil funcionários, o fechamento de aproximadamente mil unidades dos Correios por todo o país, e uma revisão dos salários e benefícios dos cargos executivos. Além disso, a empresa planeja ampliar parcerias com o setor privado em logística e vender imóveis ociosos, buscando uma economia anual estimada em R$ 7,4 bilhões, dos quais R$ 2,1 bilhões são esperados apenas com o programa de demissão voluntária.
A terceira e última fase, que se prolongará ao longo de 2027, terá foco na modernização da empresa, com o objetivo de estabelecer um novo modelo de negócios. Esse novo modelo se baseará em inovações, parcerias e diversificação de receita.
Conforme declarado pelos Correios, o plano contempla a contratação de uma consultoria externa que será responsável por avaliar novas possibilidades de reorganização e melhorias na estrutura da estatal. Este plano é visto como uma tentativa vital de reverter a atual situação financeira, buscando assegurar a continuidade dos serviços prestados pelos Correios em um contexto de mercado cada vez mais competitivo.
A trajetória dos Correios nos próximos anos será observada de perto, com a expectativa de que as medidas implementadas ajudem a estabilizar a empresa e a recuperar sua posição no mercado. Para mais detalhes sobre a previsão orçamentária da estatal, acesse a fonte.


