Ricardo Adé Kat, zagueiro nascido em Saint-Marc, Haiti, em 21 de maio de 1990, apresenta uma trajetória no futebol que se desvia do padrão convencional das grandes promessas. Em um país onde a estrutura esportiva é bastante limitada, Adé deu seus primeiros passos em clubes locais, como Baltimore SC e Don Bosco, enfrentando desde o início incertezas e desafios que vão além do campo.
Os desafios do futebol no Haiti
No Haiti, o futebol é mais uma paixão do que uma perspectiva profissional concreta. Ao contrário de muitos atletas que se formam em academias europeias, Adé teve que lidar com a incerteza desde cedo. A primeira grande tentativa de mudança de patamar ocorreu quando aceitou uma proposta para atuar na Tailândia, mas essa experiência se transformou em um pesadelo financeiro ao ser vítima de um golpe aplicado por um agente.
Retorno e recomeço
Após ter sido abandonado sem contrato e apoio no exterior, Adé foi obrigado a voltar ao Haiti e recomeçar sua trajetória quase do zero. Para muitos jogadores, um episódio como esse representaria o fim do sonho, mas para Adé, esse momento se tornou um ponto de inflexão. Ele não desistiu e, aos 26 anos, deu um passo importante ao assinar seu primeiro contrato profissional com o Santiago Morning, da segunda divisão do Chile. Sua maturidade, força física e capacidade de leitura do jogo logo chamaram a atenção.
Consagração no futebol sul-americano
Depois do futebol chileno, a carreira de Adé deslanchou no Equador, onde jogou por clubes como Mushuc Runa e Aucas. O ponto alto de sua carreira ocorreu em 2022, quando ajudou o Aucas a conquistar o Campeonato Equatoriano, o que solidificou sua posição no futebol sul-americano e o levou a uma transferência para a LDU Quito, um dos clubes mais respeitados da região.
Na LDU, Adé firmou-se como uma referência defensiva, conhecido por sua regularidade e presença física em campo. Participou de campanhas vitoriosas e ajudou o time a conquistar a Copa Sul-Americana de 2023. Sua trajetória como titular da LDU também incluiu um confronto histórico contra o Palmeiras, que o colocou sob os holofotes do futebol continental.
Presença na seleção do Haiti
Paralelamente ao seu sucesso nos clubes, Adé vem se destacando na seleção haitiana desde 2016. Sua experiência internacional e papel de liderança em campo têm sido essenciais na construção do time. À medida que a Copa do Mundo de 2026 se aproxima, o futebol haitiano parece mais promissor do que nunca, e Ricardo Adé surge como um nome forte dentro do grupo.
Um simbolo de perseverança
O Haiti, que pela primeira vez se aproxima da realidade de ter um zagueiro no maior palco do futebol mundial, não terá apenas um jogador, mas um símbolo de superação. Adé não carrega apenas um número nas costas; sua história de vida e desafios enfrentados fazem dele um verdadeiro ícone para seu país e para o esporte.
Jogos do Haiti no Grupo C da Copa do Mundo de 2026
- Haiti x Escócia – 13 de junho, às 22h
- Brasil x Haiti – 19 de junho, às 22h
- Marrocos x Haiti – 24 de junho, às 19h
Ricardo Adé, com sua trajetória repleta de superação, promete ser uma das histórias mais inspiradoras da próxima Copa do Mundo, mostrando que com determinação e resiliência é possível vencer os maiores desafios.

