Brasil, 30 de dezembro de 2025
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Propostas para Gaza refletem histórias de interesses externos na região

A atual trégua em Gaza renovou a esperança mundial de um fim ao conflito, mas a vasta destruição evidencia que a reconstrução exigirá um esforço colosal. Nesse contexto, propostas de desenvolvimento externo, como as apresentadas pelo ex-presidente Donald Trump, evocam uma longa história de interesses de potências externas na região, marcada por desconfiança e fracassos.

Histórico de intervenção e propostas de controle externo

Mais de um século atrás, um magnata imobiliário de Nova York, Henry Morgenthau Sr., destacou-se por suas ideias sobre o futuro do território palestino. Como embaixador dos EUA no Império Otomano em 1913, Morgenthau defendeu a ideia de um controle internacional sobre a região, uma proposta que refletia uma tradição de atores externos querendo gerir o destino de Gaza e arredores.

Durante sua missão, Morgenthau, que também apoiava interesses missionários e comerciais americanos, visitou terras sagradas e criticou a pobreza local. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, seu foco mudou para apoiar interesses aliados, especialmente os seguintes à questão judaica. Em 1916, resignou-se desiludido após não conseguir impedir a genocídio dos armênios, voltando aos EUA para apoiar a campanha eleitoral de Woodrow Wilson.

Planos de desenvolvimento e desconfiança internacional

Durante sua visita, Morgenthau propôs um projeto de compra e gestão internacional de Palestine, incluindo a construção de um grande porto em Jaffa e o estímulo ao turismo religioso. Essas ideias, contudo, eram focadas em desenvolvimento não diplomático e geraram desconfiança entre os otomanos, que entenderam tais propostas como tentativas de ingerência estrangeira.

Essa sensação de desconfiança na região aumentou com outros planos, como os negociados pelos britânicos e franceses durante a Primeira Guerra Mundial, notadamente o Acordo Sykes-Picot, que previa uma administração internacional sobre partes de Gaza e Jerusalém. Ainda assim, após o conflito, o Mandato Britânico acabou por assumir o controle, promovendo imigração europeia, mas mantendo tendências de intervenção estrangeira.

Sugestões de controle internacional e suas sequelas

Ao longo do século XX, diversas propostas de administração internacional foram tentadas, incluindo recomendações da Comissão Peel em 1936 e o Plano de Partição da ONU em 1947, que criaram regimes temporários para Jerusalém e Bethlehem. Nenhuma dessas iniciativas foi totalmente implementada, mas reforçaram a ideia de ingerência externa como solução.

Mais recentemente, nomes de peso como Donald Trump relembraram essas tradições ao propor, meses antes de um novo cessar-fogo, “assumir” Gaza e transformá-la na “riviera do Oriente Médio”. Sua promessa de um projeto de desenvolvimento econômico, conduzido por especialistas de cidades contemporâneas do Golfo, reforça uma visão de controle externo que resiste a experiências passadas.

Perspectivas e desafios futuros

Embora a esperança por paz cresça com o atual cessar-fogo, o histórico demonstra que qualquer plano de reconstrução e prosperidade em Gaza enfrentará resistências profundas. As tentativas de intervenção externa, muitas vezes motivadas por interesses de negócios ou poder, têm frequentemente alimentado a desconfiança local e perpetuado o conflito.

Especialistas alertam que soluções duradouras devem envolver dialogar com as partes árabes e palestinas, criando uma gestão compartilhada que respeite suas prioridades, ao contrário de imposições externas que, historicamente, têm gerado mais desconfiança do que progresso. Assim, o verdadeiro desafio está em desvincular interesses externos de uma agenda que priorize a autonomia e o bem-estar da população local.

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