O Banco Central divulgou nesta sexta-feira que o déficit acumulado das estatais federais no Brasil entre janeiro e novembro de 2025 atingiu R$ 6,3 bilhões, o segundo maior da série histórica iniciada em 2002. Este valor, embora levemente inferior ao registrado no mesmo período de 2024, evidencia a persistente crise financeira dessas empresas ao longo dos últimos anos.
Origem do déficit e principais contribuintes
De acordo com as estatísticas fiscais do BC, o resultado negativo reflete a necessidade dessas empresas de financiamento, seja pela demanda de recursos do Tesouro Nacional ou por injeções de capital. Entre as responsáveis pelo rombo, destaque para os Correios, cuja situação financeira permanece delicada.
“Os Correios calculam uma necessidade de até R$ 20 bilhões para alcançar a sustentabilidade financeira até 2027, já tendo firmado um empréstimo de R$ 12 bilhões neste ano”, explicou o órgão. Em 2024, o déficit do setor postal foi superior a R$ 2,5 bilhões, enquanto nos primeiros seis meses de 2025, o prejuízo já passou de R$ 4 bilhões e deve atingir R$ 10 bilhões até o final do período, podendo chegar a R$ 23 bilhões em 2026, caso nenhuma medida seja adotada.
Implicações e estratégias de recuperação
Segundo o Banco Central, o resultado negativo das estatais evidencia um quadro de dificuldades fiscais, agravado pelo prejuízo estrutural dos Correios, associados à obrigatoriedade de universalizar o serviço postal, que gera prejuízo de mais de R$ 4 bilhões anuais.
Para tentar reverter esse cenário, os Correios anunciaram um plano de recuperação nesta segunda-feira, incluindo o fechamento de mil agências, a demissão de 15 mil funcionários e a venda de imóveis e ativos. O objetivo é equilibrar as contas e evitar um colapso financeiro ainda maior.
Contexto e perspectivas futuras
O resultado do BC reforça a necessidade de reformas e de maior controle sobre as finanças das empresas públicas, que representam uma parte significativa do déficit fiscal do governo. Especialistas apontam que, sem medidas efetivas, a situação pode se deteriorar ainda mais, impactando os recursos disponíveis para outras áreas essenciais.
A expectativa é que, mesmo com as ações de ajuste, o déficit das estatais federais permaneça elevado nos próximos anos, exigindo atenção especial dos gestores e do Congresso Nacional para evitar um desequilíbrio fiscal mais severo.
Mais detalhes sobre a série histórica do BC podem ser encontrados no site do Banco Central.


