Os Correios divulgaram nesta segunda-feira (29) um plano de reestruturação que prevê o fechamento de cerca de mil das 6 mil agências próprias no Brasil. A medida faz parte de uma estratégia para reduzir os déficits acumulados desde 2022 e economizar R$ 2,1 bilhões até 2028.
Fechamento de agências e preservação do serviço universal
De acordo com o presidente da estatal, Emmanoel Rondon, a redução de unidades será feita sem comprometer o princípio da universalização do serviço postal. “Vamos ponderar entre o resultado financeiro e o atendimento em todo o território nacional”, afirmou em coletiva de imprensa, em Brasília.
Além das agências próprias, os Correios atuam junto a parceiros, totalizando 10 mil pontos de atendimento. A intenção é racionalizar a rede, garantindo o equilíbrio entre eficiência econômica e cobertura de serviço público.
Demissões voluntárias e corte de despesas
O plano contempla dois planos de demissão voluntária (PDVs) que poderão reduzir o quadro de funcionários em 15 mil até 2027. Simultaneamente, a estatal planeja vender imóveis e reduzir despesas fixas, que representam cerca de 90% do total de custos.
“A maior parte das despesas são fixas, o que limita nossas ações diante da dinâmica de mercado”, explicou Rondon.
Além das demissões, os Correios estimam cortar R$ 5 bilhões em despesas até 2028, com medidas que incluem a venda de imóveis e ajustes nos planos de saúde e previdência dos servidores, que também deverão passar por revisões.
Crise financeira e resultados negativos
Desde 2022, a estatal acumula resultados negativos — com um déficit estrutural de R$ 4 bilhões anuais, devido ao esforço de atender à universalização. Nos primeiros nove meses de 2025, a crise se aprofundou, com saldo negativo de R$ 6 bilhões e patrimônio líquido em R$ 10,4 bilhões negativos.
Empréstimo e possibilidade de capitalização
A companhia anunciou ter tomado um empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos na última sexta-feira (26), visando reforçar o caixa. Ainda busca obter outros R$ 8 bilhões para equilibrar as contas em 2026. Segundo o presidente Rondon, estuda-se também a possibilidade de abrir o capital da empresa a partir de 2027, transformando os Correios em uma companhia de economia mista, semelhante à Petrobras ou Banco do Brasil.
Cortes no pessoal e revisão de benefícios
Entre as ações planejadas estão os PDVs em 2026 e 2027, além de cortes nos planos de saúde e previdência dos funcionários, que deverão diminuir as despesas com pessoal em R$ 2,1 bilhões anuais. A venda de imóveis também deve gerar receita de R$ 1,5 bilhão, fortalecendo a reestruturação financeira.
“Este plano reforça a importância dos Correios como ativo estratégico do Estado, garantindo o acesso universal a serviços logísticos e a eficiência operacional em todo o Brasil”, destacou Rondon.
Contexto de crise no setor postal
Desde 2016, os Correios enfrentam uma crise financeira, agravada pela digitalização das comunicações, que reduziram significativamente a receita proveniente de cartas. A entrada de novos competidores no comércio eletrônico também contribui para a atual situação complexa.
O presidente comparou a situação à de empresas internacionais, como o United States Postal Service (USPS), que também anunciou medidas para enfrentar prejuízos, incluindo cortes e reestruturações.
Segundo Rondon, o Brasil precisa adaptar-se às mudanças de mercado para preservar o papel estratégico dos Correios, que continuam essenciais para regiões remotas e para a integração do território nacional.
Para conferir detalhes completos do plano, acesse a fonte oficial.


