Brasil, 29 de dezembro de 2025
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O alerta de Susanna Tamaro sobre a nova corrida armamentista

Em uma entrevista à mídia do Vaticano, a escritora italiana Susanna Tamaro compartilha sua profunda inquietação em relação à nova corrida armamentista na Europa, evocando as palavras do Papa Leão XIV sobre a paz, que considera “o único discurso sensato” em um cenário repleto de silêncio e interesses econômicos. Tamaro expressa preocupação pelo “silenciamento” do Pontífice nesses assuntos e convoca a sociedade a resgatar a memória das guerras do século XX para educar as novas gerações que desconhecem a “loucura” da guerra.

A inquietação diante da loucura da guerra

O início de 2026 traz um alerta claro sobre a nova corrida armamentista na Europa. As palavras do Papa Leão XIV na Mensagem para o Dia Mundial da Paz ressoam nas reflexões de Tamaro publicadas no jornal italiano Corriere della Sera. Em sua entrevista, a escritora destaca a ausência de posições claras frente a um contexto internacional que parece se afundar em um clima belicista. Para ela, refletir sobre o valor da paz e o papel do diálogo na prevenção de conflitos é essencial, especialmente em tempos de incertezas.

Tamaro revela que sua preocupação nasce de um clima de “silêncio quase total” e ausência de reflexões profundas sobre a realidade da guerra. Ela menciona a foto de uma jovem húngara encontrada em um campo após a Segunda Guerra Mundial, que a fez refletir sobre a guerra como uma “lacerção das genealogias”, que destrói o ser humano não por uma geração, mas por muitas, deixando “feridas eternas”. A escritora enfatiza que a guerra não é uma abstração, mas uma devastação real que “destrói tudo”, e que, na era das armas nucleares, um novo conflito acarretaria “uma destruição total” tanto para a humanidade quanto para o meio ambiente.

Memória, silêncio do Papa e responsabilidade

Em seu discurso, Tamaro acentua que a sociedade está “esquecendo a história e a memória”. Ela sugere um envolvimento dos jovens com a memoria histórica, convidando-os a visitar monumentos em homenagem aos mortos em guerras e a reconstruir as histórias dessas pessoas. Para a escritora, essa experiência é “o verdadeiro antídoto para qualquer tipo de belicismo”. Ela critica a falta de atenção dos decisores políticos sobre os milhões de mortos do século XX, que não parecem intimidar aqueles que detêm o poder.

Sobre o rearmamento europeu, Tamaro observa o isolamento do Papa Leão XIV, apontando que isso “diz muito”, pois reflete como falar contra a corrente dos investimentos militares se tornou um tabu. A ausência de protesto em meio à atual corrida armamentista impressiona, pois o Papa se apresenta como “a única voz que se opõe, de forma razoável”, em um ambiente marcado por “um delírio de loucura”. Ela salienta que a guerra continua sendo vista como uma solução, guiada por “enormes interesses econômicos”, enquanto a paz não gera os mesmos lucros. Para ela, é crucial colocar o ser humano, a negociação e a diplomacia no centro das discussões.

As novas gerações e o papel dos intelectuais

Tamaro expressa sua preocupação com as novas gerações, que cresceram imersas em “guerras de videogame”. Ela cita a incredulidade de seu neto diante da ideia do serviço militar obrigatório, ressaltando que os jovens de hoje não compreendem a realidade das batalhas, mencionando trincheiras, granadas e corpos despedaçados. Por isso, além das manifestações pela paz, é vital levá-los a lugares de memória, como cemitérios de guerra, onde descansam muitos jovens de 19 anos, que foram vítimas dessa “loucura absoluta”.

A escritora apela à responsabilidade dos intelectuais e católicos, incitando-os a promover um pensamento crítico contra a violência. Aqueles que têm a capacidade de se fazer ouvir têm “o dever de fazê-lo”, pois a situação atual é alarmante. Os católicos devem acreditar na possibilidade de um mundo que avança através do diálogo, do encontro e da gestão dos conflitos sem a necessidade de recorrer à morte. Num tempo que arrisca perder a memória e os valores humanos, a voz de Tamaro se une à do Papa, pedindo à Europa que não trai sua própria história e suas lições do passado.

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