Segundo o economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, o resultado negativo do IGP-M em 2025 tende a não se repetir em 2026. Com o início de um ciclo de corte dos juros, a taxa Selic, prevê-se um possível impacto de aquecimento na atividade econômica no segundo semestre do próximo ano.
Perspectivas para a inflação de 2026
Braz explica que, considerando o comportamento recente da inflação, espera-se uma continuidade de variações baixas, mas não negativas, no índice de preços. “Isso deve trazer algum nível de aquecimento para a atividade, provavelmente no segundo semestre, o que já começa a influenciar os preços”, afirmou. O especialista também destacou que a agricultura pode não registrar resultados tão favoráveis quanto em 2025, o que pode impactar os preços de alimentos, que apresentaram sete meses consecutivos de queda em 2025, contribuindo para a desaceleração do IPCA.
Dólar e fatores externos
Outro elemento relevante no cenário de inflação é a cotação do dólar, que costuma apresentar maior instabilidade em anos eleitorais. Durante 2025, a moeda americana terminou o ano com valorização significativa, pressionada inicialmente, mas depois perdeu força frente ao real, ajudando na desaceleração do IPCA, de acordo com o Boletim Focus. Braz destaca que, embora a inflação em 2026 deva se manter controlada, haverá uma transição gradual para índices positivos.
Mudanças na composição da pressão inflacionária
Braz ressalta que em 2025 houve uma trégua nos preços de alimentos e maior pressão em serviços e preços administrados. Para o próximo ano, espera-se uma inversão desse cenário, com maior controle nos serviços e em preços administrados, além de menor impacto dos alimentos. Essa mudança pode contribuir para que a inflação continue desacelerando, mantendo o IPCA mais próximo da meta.
O economista prevê que o IGP possa avançar um pouco mais em 2026, sem indicar uma inflação desafiadora, enquanto o IPCA e os IPCs deverão se colocar em patamares mais alinhados às metas do Banco Central. A influência de fatores internacionais, especialmente os preços de commodities, continuará a ser um desafio nessa estabilização de preços.
“Tudo vai depender das condições externas, mas, na avaliação atual, 2026 pode ser um ano favorável à contenção inflacionária, desde que os desafios internacionais não agravem o cenário”, completou Braz.
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