Desde sua posse em janeiro de 2025, Gabriel Galípolo tem lidado com um cenário de tensões no sistema financeiro, após a liquidação do Banco Master, além de pressões sobre a autonomia do BC e a condução da política monetária. Seu primeiro ano no comando revelou que, apesar das expectativas de impacto na economia, os principais conflitos envolveram a crise do banco liquidado e a atuação do órgão regulador.
Crise do Banco Master e atuação do BC
A liquidação do Banco Master, anunciada em novembro de 2025, ocupou grande parte da atenção pública e das discussões no setor financeiro. O caso trouxe à tona questionamentos sobre irregularidades nas operações do banco, controlado por Daniel Vorcaro, e sobre a fiscalização do Banco Central.
Segundo o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), a decisão de liquidar o banco antes de conclusões definitivas gerou críticas por uma possível precipitação. O presidente do BC, Galípolo, afirmou que a liquidação seguiu critérios legais e que as evidências foram devidamente avaliadas, destacando a importância de manter o rigor no processo.
Investigações do órgão de fiscalização indicaram sinais de irregularidades em operações de cessão de carteiras de crédito e conexões com suspeitas de crimes financeiros. As apurações envolvendo Vorcaro e ex-gestores do BRB continuam, com a Polícia Federal também atuando na investigação.
Política monetária e juros
Apesar do foco na crise do banco, a condução da política de juros permaneceu em evidência. Em junho, o BC elevou a taxa Selic para 15% ao ano, maior nível desde o início do governo Lula, mantendo o patamar até o momento. Essa decisão buscou conter a inflação, que, embora em trajetória de redução, ainda não atingiu as metas desejadas.
Analistas avaliam que, apesar de o aumento de juros ter sido mais agressivo do que o previsto, há sinais de que uma reversão deve ocorrer em breve. O presidente Lula chegou a declarar, no final do ano, que “o cheiro de queda de juros é forte” e que “logo, a taxa deve começar a baixar”.
Desafios futuros e aspectos institucionais
O primeiro mandato de Galípolo no BC também abordou temas como a ampliação da autonomia do órgão e a modernização do sistema financeiro, incluindo projetos de inovação como o Drex, moeda digital do Banco Central. No entanto, temas como a segurança do sistema financeiro continuam em debate, especialmente após ataques cibernéticos e investigações envolvendo instituições reguladas.
O tribunal de contas e o STF também monitoram de perto a atuação do BC no caso Master. Após a investigação, o diretor de Fiscalização, Ailton Aquino, será submetido a uma acareação com Vorcaro e o ex-presidente do BRB, configurando uma ofensiva institucional para esclarecer eventuais irregularidades.
Perspectivas para 2026
Para o próximo ano, espera-se que o BC mantenha uma postura cautelosa, com o mercado aguardando sinais de início de um ciclo de redução da Selic. Enquanto isso, a discussão sobre a autonomia do órgão, a regulação de fundos e a inovação financeira devem continuar na agenda.
Mesmo com as turbulências, a confiança do governo no comando de Galípolo permanece firme, sendo que Lula declarou ter “100% de confiança” no presidente do BC, evidenciando o alinhamento político mesmo diante das crises. Assim, o período turbulento de 2025 deve se consolidar como um capítulo importante no gerenciamento do sistema financeiro brasileiro.
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