No Tocantins, a violência contra a mulher continua a ser uma tragédia alarmante, com 68 feminicídios registrados em 2025, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Apesar de representar uma leve queda de 5,55% em comparação ao ano anterior, essa estatística não alivia a dor das famílias afetadas por essas perdas devastadoras.
O impacto da violência doméstica
A maioria dos assassinatos ocorre em contextos de violência doméstica, frequentemente perpetrados por parceiros ou ex-parceiros que não aceitam o fim do relacionamento. As estatísticas revelam que muitos feminicídios acontecem dentro de residências, que deveriam ser lugares seguros. No entanto, também ocorreram casos em estabelecimentos comerciais, ruas e até em represas, conforme o painel estatístico da SSP.
Entre os relatos mais impactantes, destaca-se o de Lilia Batista, que sobreviveu a um relacionamento abusivo. Ela narra que, no início, era tratada como “princesa”, mas à medida que o relacionamento progrediu, as agressões se tornaram frequentes. “Ele tentou me matar várias vezes”, desabafa. Lilia buscou ajuda, mas encontrou resistência nas autoridades, o que a levou a mudar para o Tocantins em busca de proteção.
Casos recentes de feminicídio no estado
Dentre os casos de feminicídio que chocaram a sociedade tocantinense, destaca-se o assassinato de Maysa Rodrigues Fernandes Cardoso, de 35 anos. O crime, cometido pelo seu esposo, foi precedido por um período em que o homem ocultou o corpo da vítima por 24 horas antes de enterrá-lo em uma área de mata. A descoberta do crime foi feita pela filha do casal, que desconfiou do desaparecimento da mãe.
Outro caso devastador ocorreu em Arraias, onde Aliny Pereira de Ornelas, de 25 anos, foi assassinada por Edivaldo Teixeira Chaves, que posteriormente cometeu suicídio. A vítima e o agressor haviam se separado, mas ele não aceitou o fim do relacionamento, um padrão recorrente em muitos casos de feminicídio. Já em Figueirópolis, a técnica de enfermagem Daiany Batista de Carvalho foi morta em uma tentativa de assassinato contratada, revelando a complexidade e a sordidez das dinâmicas de violência.
Dados alarmantes sobre feminicídios
Conforme os dados do painel da SSP, 34 assassinatos de mulheres ocorreram em residências, 12 na zona rural e 11 na área urbana. Palmas, a capital, é a cidade com o maior número de casos, seguida por Gurupi e Tocantinópolis. A maioria das mortes ocorre à noite, e novembro se destacou como o mês com mais feminicídios em 2025.
A juíza Cirlene de Assis, que atua no estado, destaca que o Tocantins ocupa atualmente a quinta posição entre os estados mais violentos do Brasil para as mulheres. Em 2025, mais de 12 mil processos relacionados à violência contra a mulher estão em trâmite judicial, mostrando a necessidade urgente de ações efetivas de combate a essa epidemia.
Apoio às vítimas e medidas de prevenção
Embora os dados sejam alarmantes, há esforços em andamento para apoiar as vítimas de violência. A Casa da Mulher Brasileira em Palmas, por exemplo, tem atendido inúmeras mulheres que buscam proteção e suporte psicossocial. Além disso, a Guarda Metropolitana aconselha que as vítimas denunciem abusos, mesmo em situações em que se sentem inseguras.
As autoridades enfatizam que é crucial que as mulheres reconheçam os sinais de relacionamentos abusivos e saibam que não estão sozinhas. Campanhas de conscientização buscam informar sobre os direitos das mulheres e os recursos disponíveis para confrontar a violência.
A esperança em tempos difíceis
Enquanto os números de feminicídio desafiam a sociedade tocantinense, é vital que as mulheres continuem a se unir e lutar por seus direitos. A crescente conscientização sobre a violência de gênero é um passo importante, e cada vez mais mulheres estão reconhecendo que a denúncia e o apoio são caminhos para a liberdade.
Em um contexto onde a dor e o luto são constantes, a solidariedade e a conscientização podem ser as chaves para romper o ciclo de violência. Que as histórias de Lilia, Maysa e outras mulheres inspirem ações e mudanças significativas, construindo um futuro onde todas possam viver sem medo.
Essa é uma luta coletiva que exige a participação de toda a sociedade. Não basta apenas registrar os números; é preciso transformar essa realidade através de atitudes eficazes e uma rede de apoio sólida que ajude a proteger as mulheres e suas vidas.


