O Banco Central identificou uma fraude envolvendo o Banco Master, que resultou na comunicação do caso ao Ministério Público e à Polícia Federal, que investiga o caso. A crise revela uma complexa rede de irregularidades que pode alterar o rumo da supervisão bancária no país.
Fraude na venda de ativos e crise do Banco Master
O Banco Master tentou vender uma carteira de ativos fictícia ao BRB, banco público, com ajuda de uma empresa criada em novembro de 2024, a Tirreno. Essa operação fraudulenta tinha como objetivo esconder um rombo estimado em R$ 12 bilhões, enquanto o patrimônio real do banco, segundo balanço de 2024, era de pouco mais de R$ 4 bilhões. Com o balanço totalmente distorcido, o Banco Master estava à beira da falência, o que levou à sua liquidação.
Indícios de irregularidades e atuação do Banco Central
Apesar de relatar estabilidade, o Banco Master enfrentava uma crise de credibilidade desde novembro de 2024, quando a Fitch elevou sua nota de risco, embora o banco estivesse com dificuldades de captar recursos e apresentasse sinais de instabilidade na sua credibilidade no mercado. O Banco Central realizou uma rigorosa auditoria nos ativos, detalhando irregularidades em depoimento do presidente Gabriel Galípolo na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, em 25 de novembro. Os indícios de crimes levaram à denúncia formal ao Ministério Público, que encaminhou o caso à Polícia Federal. A investigação confirmou as suspeitas, resultando na prisão de Daniel Vorcaro e outros sócios.
Impulsos e obstáculos na crise
Durante meses, o BC buscou explicações do Banco Master sobre as inconsistências contábeis, recebendo respostas insuficientes. O aumento artificial dos créditos, mesmo com a crise de liquidez, chamou a atenção do regulador e desencadeou uma série de denúncias formais ao MP. Em março, surgiu a notícia do possível buy performance do BRB, que tinha como pano de fundo a crise do Master, alimentando ainda mais as suspeitas.
Decisões judiciais e controvérsias
O ministro Dias Toffoli aceitou pedido de uma defesa de Vorcaro e assumiu o caso, alegando que tinha relação com o deputado mencionado durante as investigações, mesmo sem conexão direta. Toffoli manteve o sigilo e agendou uma acareação entre Vorcaro, o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa, e o diretor do BC, Ailton de Aquino, marcada para o dia 30. O Tribunal de Contas da União (TCU) também exigiu esclarecimentos do BC sobre a liquidação do banco.
Repercussões e risco ao sistema financeiro
Este caso evidencia a vulnerabilidade do sistema financeiro brasileiro frente às pressões políticas e jurídicas. Historicamente, crises bancárias dos anos 1990 mostraram que ataques desse tipo podem fragilizar a confiança do mercado. Assim, o episódio do Banco Master coloca o país na encruzilhada de decidir se manterá um sistema confiável ou admitirá práticas ilícitas que minam a integridade do setor financeiro.
Segundo especialistas, a extensão do escândalo pode desencadear uma reavaliação das regras de fiscalização e supervisão do mercado bancário nacional, reforçando a necessidade de transparência e rigor na atuação do Banco Central. O desfecho do caso também determinará o grau de tolerância do país com crimes financeiros e a efetividade das ações de combate à fraudes no sistema financeiro.
Para acompanhar a evolução da investigação e as futuras decisões, recomenda-se a leitura dos detalhes na coluna de Miriam Leitão.


