Brasil, 27 de dezembro de 2025
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BNDES lança linha de crédito de R$ 10 bilhões para caminhões com aporte do Tesouro

Uma medida provisória publicada na semana passada anunciou um aporte de R$ 6 bilhões do Tesouro Nacional no BNDES para uma nova linha de crédito voltada à aquisição de caminhões novos e seminovos. O programa, lançado pelo banco de fomento no dia 22, soma atualmente R$ 10 bilhões, incluindo uma captação de R$ 4 bilhões pelo banco a taxas de mercado.

Detalhes do programa de crédito e controvérsias

O programa, lançado praticamente no fim do ano e às vésperas da corrida eleitoral, tem sido alvo de críticas por parte de analistas, devido à situação fiscal delicada do país. Além das preocupações fiscais, especialistas relacionam o incentivo à renovação da frota de caminhões ao histórico de problemas, como a greve dos caminhoneiros de 2018, que foi associada ao aumento na oferta de veículos e à queda no preço do frete.

Críticas de especialistas

Para Claudio Frischtak, presidente da Inter.B Consultoria, o programa representa uma risco no atual cenário fiscal. “Em um momento de recursos escassos, não vejo uma linha de crédito dessa magnitude como prioridade, sobretudo considerando saúde, educação e saneamento”, avalia. Segundo ele, é preciso pensar no custo-benefício social do uso do dinheiro público.

Economistas também destacam que a política de incentivo anterior, entre 2009 e 2016, pode ter contribuído para dificuldades atuais do setor, incluindo a greve de caminhoneiros de 2018. Na ocasião, a forte expansão na frota, combinada com a recessão de 2014 a 2016, gerou excesso de veículos e baixa demanda por frete.

Impactos econômicos e sociais

Parte dos recursos, cerca de R$ 1 bilhão, será destinada a transportadores autônomos e cooperativas, considerando-se a importância de ampliar o acesso a esse crédito para pequenos profissionais. Entretanto, especialistas criticam que apenas 10% do valor total será reservado para esses públicos, o que pode favorecer as grandes empresas de transporte.

Segundo Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, há cerca de 730 mil motoristas autônomos ativos no Brasil. “O problema é que esses profissionais negociam informalmente, sem uma base de custos clara, e a ampliação do crédito pode não solucionar suas principais dificuldades”, destaca.

Preocupações fiscais e futuras ações

A economista Natalie Verndl, do Corecon-SP, alerta para a fragilidade das contas públicas brasileiras. “Com déficits altos, endividamento crescente e metas fiscais ameaçadas, a iniciativa pode limitar a capacidade do governo de financiar políticas essenciais no futuro”, afirma.

Milad Kalume, especialista no setor automotivo, pondera que melhorar a frota de caminhões é essencial para aumentar eficiência e segurança, mas ressalta os riscos de uma política de crédito sem planejamento. “Se a oferta de veículos crescer sem uma demanda equivalente, os preços dos fretes podem despencar, prejudicando os caminhoneiros autônomos”, explica.

Perspectivas futuras e controvérsias

Procurado, o BNDES afirmou estar pronto para executar as políticas do governo federal. Os especialistas ressaltam que a efetividade do programa dependerá de como será a implementação e do acompanhamento de suas consequências fiscais e econômicas no médio prazo.

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