Brasil, 27 de dezembro de 2025
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Eletronuclear enfrenta crise de caixa e busca renegociar empréstimos

A Eletronuclear, estatal responsável pela operação das usinas de Angra, enfrenta uma grave crise financeira causada pela paralisação das obras de Angra 3 e pelo desequilíbrio de recursos das unidades em operação. Segundo o diretor-presidente interino, Alexandre Caporal, a companhia dispõe de caixa suficiente para pagar suas despesas por apenas três meses, o que coloca a empresa em uma situação ainda mais delicada.

Situação financeira crítica da Eletronuclear

Caporal afirmou ao g1 que a estatal não deve solicitar aportes de recursos ao Tesouro Nacional neste momento, mas que é imprescindível que bancos públicos, como o BNDES e a Caixa Econômica Federal, suspendam temporariamente a cobrança de cerca de R$ 7 bilhões em empréstimos concedidos à empresa. Sem essa medida, a empresa alerta que poderá “sangrar até morrer” devido ao alto valor da dívida e à falta de receitas. Caporal define a situação como “crítica”.

Impacto da paralisação de Angra 3 e dificuldades atuais

As obras de Angra 3 estão paradas há aproximadamente dez anos, e, em 2024, a suspensão dos pagamentos de empréstimos foi autorizada por seis meses. A expectativa é que essa suspensão seja prorrogada enquanto o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decide o futuro da usina. Atualmente, o serviço da dívida soma cerca de R$ 800 milhões ao ano, além dos custos de manutenção da usina, que elevam as despesas anuais com Angra 3 para mais de R$ 1 bilhão.

Negociações e dificuldades com o BNDES

Caporal explicou que o BNDES resiste à suspensão dos pagamentos devido à incerteza sobre a retomada de Angra 3. A ausência de uma decisão clara sobre o projeto faz com que, do ponto de vista regulatório, a usina não seja considerada operacional, dificultando as negociações. A estatal também recorreu a empréstimos às instituições financeiras Caixa Econômica Federal e BNDES, que ainda avaliam a possibilidade de uma solução definitiva.

Perspectivas e possível intervenção governamental

Apesar de negar a necessidade de um aporte de recursos imediato, a direção da Eletronuclear indica que o risco de uma intervenção direta do governo não foi totalmente descartado. O relatório de Riscos Fiscais da União de 2025 aponta que a situação financeira da estatal é uma preocupação, especialmente pela alta despesa com Angra 1 e 2, cujos custos administrativos e operacionais superam as receitas tarifárias.

Outras receitas e custos futuros

Caporal afirmou que a empresa espera receber cerca de R$ 1 bilhão no primeiro trimestre de 2026 referente ao Fundo de Descomissionamento, criado para garantir recursos à desativação futura das usinas nucleares. Apesar de ainda não haver usinas desativadas atualmente, o fundo já acumula aproximadamente R$ 3,2 bilhões, valor que deve ser suficiente para cobrir o custo estimado de R$ 7,5 bilhões ao longo do tempo, sem comprometer a segurança nuclear.

O papel do governo e avanços legais

O novo acordo homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) entre a União e a Eletrobras deve proporcionar algum alívio financeiro à Eletronuclear, através da emissão de R$ 2,4 bilhões em debêntures de forma faseada. Contudo, esse recurso não resolve as dificuldades fiscais da estatal, que permanece vulnerável enquanto aguarda decisões definitivas do CNPE sobre Angra 3.

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