As taxas médias de juros cobradas pelos bancos em operações de crédito registraram aumento para as famílias e recuo para as empresas em novembro, conforme as Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas nesta sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC).
Juros para famílias sobem e permanecem altos
No segmento de crédito livre para pessoas físicas, houve avanços significativos nas taxas de alguns produtos. As contratações de crédito pessoal não consignado tiveram alta de 5,5 pontos percentuais (pp), chegando a 106,6% ao ano, enquanto o cartão de crédito parcelado apresentou aumento de 3,2 pp, atingindo 181,2% ao ano. Além disso, a taxa do cartão de crédito rotativo aumentou 0,7 pp, chegando a 440,5% ao ano.
Mesmo com a limitação de cobrança dos juros do rotativo — em vigor desde janeiro de 2023 — os juros continuam altos, com uma redução de 5,4 pp em 12 meses para as famílias. Essa modalidade dura 30 dias, quando o consumidor paga menos que o valor total da fatura, contraindo um empréstimo com juros elevados. Após esse período, as instituições financeiras defaultam a dívida no parcelado, que revelou uma queda de 2 pp na taxa em doze meses.
Para o crédito pessoal não consignado, a alta dos juros em 12 meses chega a 7,3 pp, refletindo uma tendência de aumento no custo do crédito para consumidores que recorrem a esse tipo de financiamento.
Ao todo, a taxa média de juros do crédito livre para famílias cresceu 0,9 pp em novembro, totalizando 59,4% ao ano, com uma alta de 6,2 pp em 12 meses.
Juros para empresas caem, mas permanecem elevados
Para o setor empresarial, houve uma redução de 0,6 pp nas taxas de juros nas novas contratações de crédito livre em novembro, contudo, o indicador acumulado em 12 meses mostra alta de 2,8 pp, chegando a 24,5% ao ano.
Destacam-se as quedas de 0,7 pp tanto nos juros de desconto de duplicatas e outros recebíveis, que ficaram em 19,3% ao ano, quanto nas operações de capital de giro com prazo superior a 365 dias, chegando a 21,8% ao ano.
As instituições financeiras possuem autonomia para definir as taxas de juros do crédito livre, enquanto o crédito direcionado — destinado aos setores habitacional, rural, de infraestrutura e microcrédito — mantém regras específicas do governo. Nesse segmento, a taxa para pessoas físicas permaneceu estável em 10,9% ao ano, enquanto para empresas houve redução de 2,1 pp em novembro, chegando a 11,8% ao ano.
Impacto do aumento dos juros e desaceleração no saldo de crédito
Considerando recursos livres e direcionados, a taxa média de juros das concessões de crédito em novembro subiu 0,1 pp no mês e 3,5 pp em 12 meses, atingindo 31,9% ao ano. Essa alta acompanha o ciclo de elevação da taxa básica de juros, a Selic, que permanece em 15% ao ano, seu maior nível desde julho de 2006, com o objetivo de conter a inflação.
O spread bancário, que mede a margem entre o custo de captação e as taxas cobradas, também avançou 0,3 pp em novembro, acumulando um aumento de 2,5 pp em 12 meses.
As concessões de crédito totalizaram R$ 637,5 bilhões em novembro, uma retração de 6,6% em relação ao mês anterior, refletindo uma desaceleração no crescimento de 8,9% em 12 meses. O estoque de todos os empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN) chegou a R$ 6,971 trilhões, aumento de 0,9% em relação a outubro, mas em ritmo menor do que o observado no último ano.
Endividamento e inadimplência das famílias
A inadimplência, com atrasos superiores a 90 dias, atingiu 3,8% em novembro, sendo 4,7% nas operações para pessoas físicas e 2,3% para pessoas jurídicas. O endividamento das famílias, que relaciona o saldo de dívidas à renda de 12 meses, ficou em 49,3% em outubro, aumento de 0,2 pp no mês e 1,2 pp em doze meses. Excluindo o financiamento imobiliário, esse índice caiu para 30,9%. Já o comprometimento da renda, relação entre o valor médio das parcelas e a renda média, foi de 29,4% em outubro, com aumento de 0,6 pp na passagem do mês e 2,2 pp em 12 meses.
Os indicadores mostram uma manutenção da pressão do endividamento mesmo com o aumento das taxas de juros, refletindo o cenário de maior custo do crédito na economia brasileira.


