O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já se prepara para um cenário desafiador nas eleições de 2026. Com uma expectativa de reeleição, auxiliares alertam que o pleito deverá reproduzir a intensa polarização que tem dominado a política brasileira nos últimos anos e que se tornou evidente nas eleições anteriores.
A polarização como pano de fundo
Em 4 de outubro de 2026, os cidadãos brasileiros irão às urnas para escolher não apenas o novo presidente da República, mas também governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais, no primeiro turno das eleições. Uma possível segunda rodada de votação está prevista para 25 de outubro.
De acordo com a análise do governo Lula, o pleito de 2026 será marcado por confrontos entre correntes políticas opostas, refletindo o que ocorreu em 2022, com escassa margem para moderação. É esperado que a corrida eleitoral se concentre na comparação direta entre os projetos de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Os assessores do governo reconhecem a dificuldade de surgirem candidaturas competitivas fora dos dois principais polos da política atual, enfatizando que mais do que conquistas e realizações, a campanha deverá ser pautada por uma intensa guerra de narrativas e discursos.
Estratégias para fortalecer a campanha
Com o objetivo de obter sucesso nas urnas, o Planalto já delineou estratégias que devem ser implementadas ao longo do primeiro semestre do ano eleitoral. Segundo fontes do governo, essas ações vão incluir mobilizações em torno de pautas que ressoam socialmente, além da divulgação constante das entregas já realizadas pela gestão petista.
Entre as promessas destacadas está a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, uma conquista atribuída ao governo Lula, aprovada por unanimidade no Legislativo e cuja aplicação já se inicia em 2026.
Bandeiras de luta do governo
Outro foco importante do governo é a promoção da “justiça tributária”, que pode ser reforçada pela proposta de taxação de 10% sobre os chamados “super-ricos”, aqueles que ganham mais de R$ 600 mil por ano. Além disso, a pauta da tarifa zero no transporte urbano vem sendo ampliada, como uma das bandeiras sociais que contará com o envolvimento direto de Lula.
Entre as ações esperadas, a discussão do fim da escala 6×1 para trabalhadores está em pauta, uma proposta que possui mobilização social forte e apoio de figuras da administração, como o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSol-SP).
Lula já se posicionou publicamente sobre a temática. “Nenhum direito é tão urgente, hoje, quanto o direito ao tempo. Não é justo que uma pessoa seja obrigada a trabalhar duro durante seis dias. O fim da escala 6×1 é uma demanda do povo que cabe a nós, representantes do povo, escutar e transformar em realidade”, disse o presidente em um pronunciamento.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa a mudança para uma escala 5×2 já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e é esperada com expectativa por parte do governo.
Bolsonaro como adversário resiliente
No horizonte político, a previsão é que a disputa se concentre entre Lula e um candidato apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Recentemente, Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi anunciado pelo pai como candidato do PL para o pleito de 2026. A indicação foi feita através de uma carta escrita pelo ex-presidente enquanto se recupera em um hospital.
“Diante desse cenário de injustiça, e com o compromisso de não permitir que a vontade popular seja silenciada, tomo a decisão de indicar o Flávio Bolsonaro como pré-candidato à Presidência da República em 2026”, assinalou Bolsonaro em sua carta.
As análises internas do governo sugerem que a candidatura de Flávio pode, paradoxalmente, facilitar a reeleição de Lula em comparação a outros potenciais candidatos da direita, visto que Flávio tende a envolver mais dificuldades em atrair o Centrão e setores moderados da população.
Cenários e expectativas nas pesquisas eleitorais
Conforme uma pesquisa divulgada pelo Paraná Pesquisas, Lula se encontra à frente em todos os possíveis cenários, liderando por cerca de dez pontos percentuais na simulação do primeiro turno em relação a Flávio. No segundo turno, embora haja um empate técnico com uma leve vantagem numérica para o petista, a porta permanece aberta para mudanças no cenário político.
Detalhes adicionais revelam que, apesar de Flávio ser um nome importante, o foco do eleitorado parece estar mais na figura de um candidato que possa unificar a direita e articular alianças com o centro. O nome de Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo, é frequentemente mencionado como uma alternativa mais competitiva contra Lula no segundo turno.
O próximo ano promete ser um período repleto de articulações políticas intensas, com a possibilidade de mudanças de rumo nas candidaturas até o momento da oficialização das mesmas.


